Campanha reforça a importância da denúncia e da rede de apoio às vítimas de agressões físicas, psicológicas e patrimoniais
Com a chegada de agosto, ganha destaque no calendário nacional o Agosto Lilás, campanha de enfrentamento à violência contra a mulher. A ação visa conscientizar a sociedade sobre os diversos tipos de agressões que afetam milhares de brasileiras todos os anos e incentivar a denúncia como forma de salvar vidas.
QUEBRA DE SILÊNCIO
Para a advogada Rosana Gomes, especialista em direito das mulheres, a campanha tem papel crucial na quebra do silêncio. Ela falou ao Perfil News sobre a importância da campanha e como as vítimas podem procurar ajuda.

“O Agosto Lilás é um chamado para olharmos com atenção para um problema que, infelizmente, ainda é muito presente na nossa sociedade. Essa campanha é importante porque quebra o silêncio, informa, acolhe e dá voz a quem muitas vezes sofre calada”.
De acordo com a advogada, os casos mais recorrentes em seu escritório envolvem violência psicológica e física, mas ela também recebe com frequência vítimas de violência patrimonial e moral.
“São formas de abuso que deixam marcas profundas, mesmo quando não há ferimentos visíveis. Muitas mulheres sofrem humilhações constantes, controle financeiro e emocional que minam sua autoestima e liberdade”, explica.
LEGISLAÇÃO AMPARA AS VÍTIMAS
Rosana destaca que a Lei Maria da Penha e outros mecanismos legais garantem proteção às mulheres em situação de violência. Entre os principais direitos estão: medidas protetivas de urgência, atendimento psicológico, orientação jurídica gratuita e prioridade em processos judiciais. “A lei garante segurança e dignidade, é importante que elas saibam disso”, enfatiza.
A orientação da advogada para quem sofre ameaças ou agressões é clara: buscar ajuda imediatamente. “Registrar boletim de ocorrência, solicitar medidas protetivas e procurar apoio jurídico são passos essenciais. Essas medidas são rápidas e podem salvar vidas. O mais importante é não esperar que a situação piore”, alerta.
REDE DE APOIO
Rosana reforça que existe uma rede de acolhimento estruturada, composta por Delegacias da Mulher, Defensorias Públicas, centros de referência, ONGs e canais como o Disque 180. “Há uma rede de apoio que funciona – e ela não está sozinha”, diz.
ABUSOS NEM SEMPRE SÃO VISÍVEIS
A advogada também chama atenção para os sinais mais sutis, mas igualmente danosos, da violência psicológica e patrimonial.
“Na psicológica, há controle excessivo, chantagem, insultos disfarçados de preocupação e isolamento. Na patrimonial, o agressor controla o dinheiro, impede a mulher de estudar ou trabalhar, toma seus bens. São abusos silenciosos, mas destrutivos”.
CONSCIÊNCIA SOCIAL
Conhecida por sua atuação firme na defesa das mulheres, Rosana também realiza atendimentos pro bono (sem cobrança), especialmente em casos de vulnerabilidade.
“Nenhuma mulher merece viver com medo por falta de recursos. Meu compromisso vai além da profissão, é um chamado de consciência”, declara.
A advogada deixa um recado às mulheres que ainda não buscaram ajuda.
“O silêncio protege o agressor, mas a sua voz pode salvar a sua vida – e de outras também. Há saída, há rede de apoio, e há justiça. Você merece viver com respeito, paz e liberdade. Não tenha medo de dar o primeiro passo”.
(*) Nathalia Santos