A fábrica Suzano esclarece boatos de que a empresa teria reduzido a produção devido ao tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump, no mês passado. A empresa ressalta que a redução não tem ligação com a taxa que o presidente americano impôs aos produtos brasileiros, já que a celulose foi um dos setores menos impactados.
Segundo a Suzano, o volume de produção de celulose de mercado da Companhia no ciclo operacional dos próximos 12 meses será inferior em, aproximadamente, 3,5% (três e meio por cento) quando comparado à sua capacidade nominal de produção de celulose anual.
A decisão da empresa se baseia no fato de que tal volume de produção não traria retorno adequado para a Companhia em um momento de mercado de celulose mais desafiador.
A Companhia reitera, por meio da divulgação das informações constantes neste Fato Relevante, seu compromisso com a transparência perante seus acionistas, investidores e o mercado em geral.
Empresa cortará 450 mil toneladas de produção nos próximos 12 meses; incertezas sobre tarifas de Trump travaram negociações com clientes na China.
O desafio pela empresa pode ser o fato de a empresa ser afetada depois que as negociações com clientes na China, seu maior mercado. O maior exportador mundial da matéria-prima usada em diversos produtos, desde embalagens até papel higiênico, reduziu a produção em cerca de 450.000 toneladas.
“Eu não diria que a instabilidade geopolítica reduziu a demanda, mas freou obviamente as discussões sobre preços”, disse o CEO da Suzano, João Alberto Abreu, em uma entrevista. “Ter a expectativa de reduzir o fornecimento de celulose para os EUA gera a expectativa de ter que aumentar o fornecimento para a China, e obviamente esse não é um ambiente ideal para discutir aumentos de preços.”
O Brasil foi atingido por tarifas de importação de 50% dos EUA anunciadas por Trump no início de julho. Embora a celulose tenha sido incluída posteriormente em uma lista de isenções divulgada no final do mês passado, a incerteza ainda era suficiente para afetar o comércio, disse Abreu.
Os preços da celulose na China cairam para US$ 495 por tonelada na semana passada, de acordo com dados compilados por analistas do BTG Pactual liderados por Leonardo Correa. Isso se compara aos US$ 527 por tonelada em maio.
Nos EUA, as importações de celulose aumentaram antes da implementação das tarifas. A Suzano construiu estoques nos armazéns americanos para atender aos clientes, uma estratégia que Abreu diz ser adequada para o momento.