Com a temática “Valorização da Vida, Prevenção e Enfrentamento à Violência Contra a Mulher” como fio condutor, a edição 2025 da Trilha Formativa do Grêmio Estudantil: Juventude por Elas, Por Eles já começou a capacitar estudantes de todo o Mato Grosso do Sul para se tornarem agentes de transformação dentro e fora da escola.
A iniciativa, coordenada pela Subsecretaria de Políticas Públicas para Juventude, vinculada à SEC (Secretaria de Estado da Cidadania), em parceria com a SED (Secretaria de Estado de Educação), integra as ações do Protege, estratégia estadual de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher.
O programa envolve gremistas das 337 escolas da Rede Estadual, distribuídas nos 79 municípios, em uma jornada de 40 horas formativas. A proposta é fortalecer competências e habilidades dos jovens para que desenvolvam, nas unidades escolares, ações concretas que incentivem a equidade de gênero, a cultura de paz e o respeito nas relações.
Além de conteúdo teórico, a trilha aborda fluxos de atendimento e redes de apoio disponíveis, reforçando o papel da escola como espaço de proteção e acolhimento.
A mobilização do protagonismo juvenil é vista como um caminho estratégico para mudar comportamentos e enfrentar um cenário preocupante, Mato Grosso do Sul ocupa posição de destaque entre os estados com maiores taxas de feminicídio no País.
Estudante do 1º ano do Ensino Médio e presidente do Grêmio da Escola Estadual Maestro Frederico Liebermann, Arthur Romani, de 15 anos, comenta que é urgente trazer a discussão para a comunidade escolar.
“É de suma importância movimentar as cabeças dos estudantes, homens e mulheres, para que possamos intervir e ajudar a reduzir a alta taxa de feminicídios no nosso Estado”, disse.
Aluna do 2º ano da Escola Estadual Prof. Silvio Oliveira dos Santos, Rayssa Vieira Lopes, de 16 anos, avalia que a formação é também um exercício de voz coletiva. “Infelizmente, conheço várias meninas e mulheres que já passaram por isso. É importante falar por elas e por muitas outras”, relatou.
Durante o lançamento oficial, realizado nessa quarta-feira (13), no Auditório do Multiuso da UFMS, em Campo Grande, com transmissão para todas as escolas estaduais, autoridades reforçaram o papel do grêmio como catalisador de mudanças.
Secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, destacou que a atuação dos grêmios extrapola o espaço escolar. “Formar os grêmios é trabalhar também a comunidade, preparando jovens líderes que se transformarão no nosso futuro”, afirmou.
Secretário de Educação, Helio Daher, chamou atenção para a responsabilidade desses jovens líderes. “O grêmio representa a diversidade de ideias dentro da escola e deve tratar de pautas complexas, protegendo colegas e incentivando relações saudáveis. Se falamos em violência doméstica e enfrentamento, precisamos mudar comportamentos, e isso começa pela educação”, reiterou.
Formação
A trilha formativa traz recursos pedagógicos que estimulam a reflexão e a ação. Um dos destaques é o vídeo ‘De Homem para Homem’, gravado pelo subsecretário de Políticas Públicas para Juventude, Jessé Cruz, que faz um chamado direto a meninos e homens para reconhecerem seu papel no combate à violência de gênero.
O conteúdo convida à desconstrução de comportamentos e crenças que reforçam desigualdades, incentivando atitudes de respeito e empatia em todas as relações. Outro recurso disponível é o podcast “Violência contra a mulher: o que a escola tem a ver com isso?”, gravado em 2023 com participação da secretária Viviane Luiza e da coordenadora da COPASE, Paola Nogueira, que aprofunda o debate sobre o papel da escola na prevenção.
A formação segue até dezembro, com encontros presenciais e virtuais, articulando juventude, comunidade escolar e rede de proteção. Ao final, cada grêmio apresente iniciativas próprias voltadas ao tema, fortalecendo o compromisso do Estado com uma política pública permanente de enfrentamento à violência contra mulheres e meninas. Mais do que uma capacitação, a trilha se propõe a ser uma ferramenta de mudança cultural, e é nas mãos desses jovens líderes que essa transformação começa.
Paula Maciulevicius, Comunicação da Cidadania