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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Desafio Pantanal Tech 2025 revela propostas vencedoras e impulsiona inovação em MS

Edital do Governo do Estado apoia soluções em bioeconomia, turismo e agronegócio com bolsas de R$ 6,5 mil mensais

Na noite desta quinta-feira (21), foram anunciadas as três propostas vencedoras da 2ª edição do Desafio de Inovação Pantanal Tech – iniciativa da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), por meio da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado (Fundect), em parceria com o Sebrae/MS. O resultado foi divulgado no primeiro dia da Ruraltur MS, maior feira de turismo rural de Mato Grosso do Sul.

No palco principal do evento, na Feira Central de Campo Grande, os trabalhos vencedores foram revelados: Spirulina Bioativo Pantanal (1º lugar), Smart Seed.IA (2º lugar) e Marmos (3º lugar). Presente na premiação, o secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc e conselheiro do Sebrae/MS, Ricardo Senna, destacou que o Desafio foi criado para apoiar o desenvolvimento de soluções inovadoras em Mato Grosso do Sul. “O edital tem como propósito fomentar as startups que nós chamamos de deep techs, que são aquelas que nascem nas universidades e são pautadas em pesquisa científica robusta, que podem ser transformadas em negócios”, disse.

Voltado a pesquisadores, docentes, estudantes de graduação e pós-graduação, membros de Ecossistemas de Inovação e empresários presentes no Estado, o Desafio contemplou as áreas de bioeconomia, biodiversidade, turismo e agronegócio. “Recebemos 102 inscrições na segunda edição do Desafio Pantanal Tech. É uma grande oportunidade de aproximação da pesquisa, da ciência, com o mercado, com as empresas”, avalia a diretora-técnica do Sebrae/MS, Sandra Amarilha.

Do total de inscritos, dez projetos foram selecionados para a etapa final. Durante o dia 21 de agosto, os representantes das propostas apresentaram as iniciativas no formato de pitch para uma banca avaliadora composta por especialistas em inovação. E, como premiação, cada proposta recebeu bolsas de R$ 6,5 mil mensais, durante 12 meses, totalizando R$ 78 mil para apoiar o desenvolvimento e implantação no mercado.

Pesquisadores celebram reconhecimento

Dentro das universidades, pesquisadores produzem novas soluções para problemas da sociedade. Quando as pesquisas atendem a uma demanda já existente no mercado, elas podem se tornar um negócio, e quando o negócio tem potencial de crescer rapidamente e eficientemente, tem a característica de escalabilidade, presente nas startups. Os projetos que conquistaram o Desafio Pantanal Tech possuem este perfil.

O primeiro lugar ficou com a Spirulina Bioativo Pantanal, voltada ao uso agrícola para incremento da produtividade. A spirulina, um tipo de cianobactéria, frequentemente chamada de alga verde-azul, já é conhecida no consumo humano devido à alta densidade nutricional e ocorre naturalmente em lagoas salinas do Pantanal Sul. De acordo com a líder do projeto, Michelle Pinheiro Vetorelli, doutora em Aqüicultura, há estudos que apontam o potencial dessa cianobactéria também como bioestimulante para solo e plantas. “Nossa solução é a produção desse bioestimulante sustentável, acessível e regional, compatível com a agricultura orgânica e a produção circular”, explicou a pesquisadora.

Ao conquistar a premiação no Desafio Pantanal Tech, Michelle reforçou importância do reconhecimento. “Como docente, professor, extensionista, pesquisadores, nós estamos constantemente criando algo, mas nem sempre temos esse reconhecimento. Então, ver que a minha pesquisa, está sendo reconhecida como um prêmio, isso é muito bom mesmo”, completou. O recurso será destinado à implantação de tanques de produção, ampliando a capacidade e permitindo novas pesquisas.

Em segundo lugar, a Smart Seed.IA apresentou um sistema completo para controle de produção de sementes, que organiza, acompanha e aumenta a eficiência das sementeiras. Com relatórios inteligentes, inteligência artificial e análise estatística, a ferramenta reduz custos e elimina o viés humano na escolha das sementes. “O software consegue prever quais plantas terão melhor desempenho e quais sementes devem ser comercializadas, economizando tempo e energia”, destacou Cauê Alves Martins, doutor em Química e líder do projeto. Segundo ele, o Brasil tem quase 3 mil sementeiras, sendo 48 em Mato Grosso do Sul, o que demonstra o amplo mercado para aplicação da solução.

Outra solução nascida na academia para atender a uma demanda do mercado é a Marmos, um “spin off”, sendo um produto oriundo de outro projeto, já incubado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), intitulada Damine. A Marmos conquistou o terceiro lugar no Desafio, ao desenvolver tecnologia para classificar carne segundo padrões internacionais. O equipamento avalia rendimento e marmoreio — a gordura entremeada que influencia sabor e maciez —, auxiliando na criação de marcas e inserção em novos mercados.

“Esse projeto nasce de uma demanda regional e alia pesquisa universitária ao mercado. Nosso objetivo é valorizar a raça Nelore, extremamente exportada em volume, mas ainda subvalorizada em valor, elevando a qualidade e visibilidade internacional. Entre 102 projetos inscritos, estar ao lado de doutores e PhDs com tecnologias complexas e ainda ser premiado é uma grande satisfação”, disse o líder do projeto, o mestrando em Engenharia Elétrica, Jader Lucas Perez.

Sobre o Desafio Pantanal Tech

O edital da 2ª edição do Desafio de Inovação Pantanal Tech foi lançado durante a Pantanal Tech, em junho deste ano, priorizando projetos em estágio inicial de desenvolvimento tecnológico, classificados no nível 2 do Technology Readiness Level (TRL) — fase de modelagem conceitual, em que as ideias começam a ser testadas para aplicação prática. Além disso, todas as propostas tiveram que estar alinhadas, obrigatoriamente, a pelo menos um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

Cada projeto foi desenvolvido por equipes de duas a três pessoas, sendo necessário que, ao menos um integrante, tivesse vínculo com uma universidade do Estado ou Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT).

Mais informações aos empreendedores por meio da Central de Relacionamento do Sebrae, no número 0800 570 0800 ou pelo site: ms.sebrae.com.br.

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