(*) Por: Nathália Santos
Em “Segurança e Cidadania”, ele transforma sua experiência em reflexões sobre violência, trânsito e cidadania. Agora, a palavra se torna sua ferramenta para conscientizar e propor caminhos para uma sociedade mais segura
A vida, muitas vezes, é feita de ciclos. Uns se encerram, outros se renovam. O coronel PMMS Alírio Villasanti Romero conhece bem esse movimento: depois de mais de três décadas de farda, de comando e de enfrentamento às dores e desafios da segurança pública, e após uma passagem intensa pela política em Campo Grande, ele abre agora uma nova fase de sua trajetória.
Uma etapa em que a arma se transforma em palavra, e a patrulha se converte em reflexão.
Desde o dia 22 de julho, Villasanti tornou-se colunista semanal do Campo Grande News, assinando semanalmente a coluna “Segurança e Cidadania”. A mudança, no entanto, não representa um distanciamento de sua missão de vida, mas sim um aprofundamento dela.
Afinal, como ele mesmo costuma dizer, a segurança não pode ser tratada apenas como questão policial: é também cidadania, é também vida em comunidade, é também esperança de futuro.
UMA CARREIRA FORJADA NO SERVIÇO PÚBLICO
Formado pela Academia da Polícia Militar do Rio Grande do Sul e bacharel em Ciências Jurídicas, Villasanti reuniu ao longo da carreira pós-graduações em segurança pública, gestão e planejamento estratégico. Mas sua biografia é escrita sobretudo nas ruas e nos corredores institucionais do Mato Grosso do Sul.
Comandou unidades em Bela Vista, Corumbá e Campo Grande, esteve à frente do Batalhão de Trânsito, integrou forças de elite como o DOF e o Garras e foi juiz militar estadual.
Atuou também como presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais de MS (AOFMS), vice-presidente da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais (FENEME) e presidente do Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito (GGIT).
Na política, de 2020 a 2024, exerceu mandato como vereador da Capital, onde presidiu comissões que dialogam diretamente com a vida das pessoas: Segurança Pública, Criança e Adolescente, Povos Indígenas e Transporte e Trânsito. Em cada função, buscou não apenas administrar, mas refletir sobre o impacto da segurança na qualidade de vida, tema central do livro que publicou em 2009.
A PALAVRA COMO NOVA TRINCHEIRA
Agora, Villasanti se reinventa. O que antes era relatado em boletins de ocorrência, debates parlamentares ou reuniões estratégicas, passa a ganhar forma em textos semanais. Seu objetivo, com a coluna, é ampliar o olhar da sociedade: falar não apenas de crimes, mas também de prevenção; não apenas de estatísticas, mas de pessoas; não apenas de problemas, mas de caminhos possíveis.
Ele anuncia que abordará temas sensíveis e urgentes, como a escalada dos feminicídios, o contrabando que atravessa fronteiras, a falta de valorização dos profissionais da segurança e o preocupante índice de suicídios entre policiais. E olha também para o trânsito, onde vidas jovens têm sido ceifadas em números alarmantes.
Em 2024, o Mato Grosso do Sul registrou 288 mortes em acidentes, aumento de 11,6% em relação ao ano anterior. “A maioria das vítimas tem entre 18 e 29 anos. Não podemos tratar a segurança como um tema de polícia apenas”, alerta Villasanti, lembrando que por trás de cada número há uma história interrompida, uma família em luto, uma sociedade em perda.
ENTRE A EXPERIÊNCIA E O COMPROMISSO
A nova fase de Villasanti não é um rompimento com o passado, mas uma extensão dele. Da farda ao parlamento, do parlamento à escrita, permanece o mesmo propósito: servir. Seu olhar, agora amadurecido pela vivência, ganha espaço na imprensa como convite à reflexão coletiva.
Para ele, segurança pública não é apenas repressão ao crime, mas construção de cidadania, fortalecimento das instituições, respeito aos direitos humanos e, sobretudo, preservação da vida. É isso que pretende transmitir em cada coluna, em cada palavra escolhida, em cada vídeo que acompanhará seus textos.
A MISSÃO QUE NÃO SE ENCERRA
A história do coronel Alírio Villasanti é a de alguém que nunca se limitou aos muros das instituições onde atuou. Como comandante, como político, como cidadão, sempre buscou ampliar os horizontes do debate e aproximar a segurança do cotidiano das pessoas.
Agora, ao assumir a pena como instrumento de trabalho, demonstra que a missão de um servidor público não se esgota com a aposentadoria, nem com o fim de um mandato. Ela apenas se transforma, se ressignifica.
Nas ruas, Villasanti cuidou da ordem. No parlamento, buscou leis e políticas públicas. Nas páginas de jornal, quer agora semear consciência. É o mesmo compromisso, apenas com nova linguagem. E, talvez, mais poderosa: a palavra, afinal, pode ser ponte, pode ser escudo, pode ser futuro.