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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Indicação Geográfica ganha força em Mato Grosso do Sul com criação de Fórum Estadual

Primeiro encontro do grupo fez parte da programação da Ruraltur MS, realizada pelo Sebrae

Fomentar o reconhecimento de produtos tradicionais de Mato Grosso do Sul, fortalecendo a identidade cultural e impulsionando o empreendedorismo regional. Com esse propósito, o Sebrae/MS promoveu, na quinta-feira (21), a reunião fundadora do 1º Fórum de Indicação Geográfica de Mato Grosso do Sul, realizada dentro da programação da Ruraltur MS – a maior feira de turismo rural do Estado, que acontece na Feira Central de Campo Grande até esta sexta-feira (22).

O Selo de Indicação Geográfica (IG) é um registro concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) a produtos que se destacam por suas características únicas, diretamente ligadas a uma região, com atributos exclusivos de sua origem. Para o conselheiro do Sebrae/MS e secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc, Ricardo Senna, o momento é oportuno para dialogar sobre a temática.

“O Estado tem sido destaque nacionalmente por diversas razões, e temos essa oportunidade única de agregar elementos que nos diferenciem – e a IG é um deles –, fortalecendo a narrativa de por que Mato Grosso do Sul se sobressai no cenário nacional, tanto pela forma de governança quanto pelo desenvolvimento de novos produtos e serviços que impulsionam nossas regiões”, afirmou. Ele reforçou ainda que “o fundamento da IG é a agregação de valor e a valorização do produto local. É um caminho importante para o desenvolvimento regional e precisa ser trilhado”.

A abertura do Fórum contou com a palestra do advogado Marcos Fabricio Welge Gonçalves, que apresentou um panorama mundial e nacional das IGs, trazendo exemplos de fóruns bem-sucedidos no Paraná e em Minas Gerais, servindo de inspiração para a iniciativa sul-mato-grossense.

Entre as ações previstas pelo Fórum estão a identificação de territórios com potencial de IG e a promoção da interação entre entidades públicas, associações de produtores, instituições de ensino e representantes da iniciativa privada. “O primeiro objetivo do Fórum é ser um canal de diálogo entre as entidades interessadas, para que todos possam acompanhar e participar de uma agenda compartilhada, construindo juntos as Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do MS”, destacou Welge.

O Sebrae/MS é parceiro estratégico do projeto e já firmou um acordo de cooperação para que o Sobá de Campo Grande também receba o Selo IG, reconhecendo-o como um prato que, ao longo dos anos, foi adaptado ao paladar regional e se tornou um dos símbolos mais marcantes da Cidade Morena. Para o analista-técnico do Sebrae/MS, Vinicius Pacheco, “o Fórum será o espaço para esse debate institucional, junto com os produtores, incentivando a IG no Estado, criando novas oportunidades e identificando produtos com potencial de valorização, capazes de transformar a realidade regional e fomentar o desenvolvimento territorial”.

Na data, o presidente da Associação dos Apicultores Mel do Pantanal (Cofenal), Gilberto Adão dos Santos, ressaltou a importância da iniciativa. “Quando surgiu a ideia do Fórum, eu disse: ‘isso é ótimo’, porque sei da dificuldade que enfrentamos para consolidar a IG do Mel do Pantanal. O Sebrae sempre nos apoiou, e acredito que o Fórum dará visibilidade às IGs já existentes e às que estão em construção”, afirmou.

Com a fundação oficializada, foram definidos os próximos passos, como a criação de um grupo em aplicativo de mensagens para agilizar a comunicação e a realização da próxima reunião, em formato remoto, no mês de setembro. Também foram propostas ações como o convite formal a novas instituições e a sugestão inicial de, pelo menos, três potenciais IGs no território sul-mato-grossense.

Indicação Geográfica ganha força em Mato Grosso do Sul com criação de Fórum Estadual
Durante o dia 21 de agosto, na Ruraltur MS, os 10 pesquisadores finalistas apresentaram as propostas em formato de pitch para banca avaliadora. (Foto: Divulgação Assessoria Sebrae MS)

Pesquisadores celebram reconhecimento

Dentro das universidades, pesquisadores produzem novas soluções para problemas da sociedade. Quando as pesquisas atendem a uma demanda já existente no mercado, elas podem se tornar um negócio, e quando o negócio tem potencial de crescer rapidamente e eficientemente, tem a característica de escalabilidade, presente nas startups. Os projetos que conquistaram o Desafio Pantanal Tech possuem este perfil.

O primeiro lugar ficou com a Spirulina Bioativo Pantanal, voltada ao uso agrícola para incremento da produtividade. A spirulina, um tipo de cianobactéria, frequentemente chamada de alga verde-azul, já é conhecida no consumo humano devido à alta densidade nutricional e ocorre naturalmente em lagoas salinas do Pantanal Sul. De acordo com a líder do projeto, Michelle Pinheiro Vetorelli, doutora em Aqüicultura, há estudos que apontam o potencial dessa cianobactéria também como bioestimulante para solo e plantas. “Nossa solução é a produção desse bioestimulante sustentável, acessível e regional, compatível com a agricultura orgânica e a produção circular”, explicou a pesquisadora.

Ao conquistar a premiação no Desafio Pantanal Tech, Michelle reforçou importância do reconhecimento. “Como docente, professor, extensionista, pesquisadores, nós estamos constantemente criando algo, mas nem sempre temos esse reconhecimento. Então, ver que a minha pesquisa, está sendo reconhecida como um prêmio, isso é muito bom mesmo”, completou. O recurso será destinado à implantação de tanques de produção, ampliando a capacidade e permitindo novas pesquisas.

Em segundo lugar, a Smart Seed.IA apresentou um sistema completo para controle de produção de sementes, que organiza, acompanha e aumenta a eficiência das sementeiras. Com relatórios inteligentes, inteligência artificial e análise estatística, a ferramenta reduz custos e elimina o viés humano na escolha das sementes. “O software consegue prever quais plantas terão melhor desempenho e quais sementes devem ser comercializadas, economizando tempo e energia”, destacou Cauê Alves Martins, doutor em Química e líder do projeto. Segundo ele, o Brasil tem quase 3 mil sementeiras, sendo 48 em Mato Grosso do Sul, o que demonstra o amplo mercado para aplicação da solução.

Outra solução nascida na academia para atender a uma demanda do mercado é a Marmos, um “spin off”, sendo um produto oriundo de outro projeto, já incubado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), intitulada Damine. A Marmos conquistou o terceiro lugar no Desafio, ao desenvolver tecnologia para classificar carne segundo padrões internacionais. O equipamento avalia rendimento e marmoreio — a gordura entremeada que influencia sabor e maciez —, auxiliando na criação de marcas e inserção em novos mercados.

“Esse projeto nasce de uma demanda regional e alia pesquisa universitária ao mercado. Nosso objetivo é valorizar a raça Nelore, extremamente exportada em volume, mas ainda subvalorizada em valor, elevando a qualidade e visibilidade internacional. Entre 102 projetos inscritos, estar ao lado de doutores e PhDs com tecnologias complexas e ainda ser premiado é uma grande satisfação”, disse o líder do projeto, o mestrando em Engenharia Elétrica, Jader Lucas Perez.

Sobre o Desafio Pantanal Tech

O edital da 2ª edição do Desafio de Inovação Pantanal Tech foi lançado durante a Pantanal Tech, em junho deste ano, priorizando projetos em estágio inicial de desenvolvimento tecnológico, classificados no nível 2 do Technology Readiness Level (TRL) – fase de modelagem conceitual, em que as ideias começam a ser testadas para aplicação prática. Além disso, todas as propostas tiveram que estar alinhadas, obrigatoriamente, a pelo menos um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.

Cada projeto foi desenvolvido por equipes de duas a três pessoas, sendo necessário que, ao menos um integrante, tivesse vínculo com uma universidade do Estado ou Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT).

Mais informações aos empreendedores por meio da Central de Relacionamento do Sebrae, no número 0800 570 0800 ou pelo site: ms.sebrae.com.br.

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