Primeiro encontro do grupo fez parte da programação da Ruraltur MS, realizada pelo Sebrae
Fomentar o reconhecimento de produtos tradicionais de Mato Grosso do Sul, fortalecendo a identidade cultural e impulsionando o empreendedorismo regional. Com esse propósito, o Sebrae/MS promoveu, na quinta-feira (21), a reunião fundadora do 1º Fórum de Indicação Geográfica de Mato Grosso do Sul, realizada dentro da programação da Ruraltur MS – a maior feira de turismo rural do Estado, que acontece na Feira Central de Campo Grande até esta sexta-feira (22).
O Selo de Indicação Geográfica (IG) é um registro concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) a produtos que se destacam por suas características únicas, diretamente ligadas a uma região, com atributos exclusivos de sua origem. Para o conselheiro do Sebrae/MS e secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Semadesc, Ricardo Senna, o momento é oportuno para dialogar sobre a temática.
“O Estado tem sido destaque nacionalmente por diversas razões, e temos essa oportunidade única de agregar elementos que nos diferenciem – e a IG é um deles –, fortalecendo a narrativa de por que Mato Grosso do Sul se sobressai no cenário nacional, tanto pela forma de governança quanto pelo desenvolvimento de novos produtos e serviços que impulsionam nossas regiões”, afirmou. Ele reforçou ainda que “o fundamento da IG é a agregação de valor e a valorização do produto local. É um caminho importante para o desenvolvimento regional e precisa ser trilhado”.
A abertura do Fórum contou com a palestra do advogado Marcos Fabricio Welge Gonçalves, que apresentou um panorama mundial e nacional das IGs, trazendo exemplos de fóruns bem-sucedidos no Paraná e em Minas Gerais, servindo de inspiração para a iniciativa sul-mato-grossense.
Entre as ações previstas pelo Fórum estão a identificação de territórios com potencial de IG e a promoção da interação entre entidades públicas, associações de produtores, instituições de ensino e representantes da iniciativa privada. “O primeiro objetivo do Fórum é ser um canal de diálogo entre as entidades interessadas, para que todos possam acompanhar e participar de uma agenda compartilhada, construindo juntos as Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do MS”, destacou Welge.
O Sebrae/MS é parceiro estratégico do projeto e já firmou um acordo de cooperação para que o Sobá de Campo Grande também receba o Selo IG, reconhecendo-o como um prato que, ao longo dos anos, foi adaptado ao paladar regional e se tornou um dos símbolos mais marcantes da Cidade Morena. Para o analista-técnico do Sebrae/MS, Vinicius Pacheco, “o Fórum será o espaço para esse debate institucional, junto com os produtores, incentivando a IG no Estado, criando novas oportunidades e identificando produtos com potencial de valorização, capazes de transformar a realidade regional e fomentar o desenvolvimento territorial”.
Na data, o presidente da Associação dos Apicultores Mel do Pantanal (Cofenal), Gilberto Adão dos Santos, ressaltou a importância da iniciativa. “Quando surgiu a ideia do Fórum, eu disse: ‘isso é ótimo’, porque sei da dificuldade que enfrentamos para consolidar a IG do Mel do Pantanal. O Sebrae sempre nos apoiou, e acredito que o Fórum dará visibilidade às IGs já existentes e às que estão em construção”, afirmou.
Com a fundação oficializada, foram definidos os próximos passos, como a criação de um grupo em aplicativo de mensagens para agilizar a comunicação e a realização da próxima reunião, em formato remoto, no mês de setembro. Também foram propostas ações como o convite formal a novas instituições e a sugestão inicial de, pelo menos, três potenciais IGs no território sul-mato-grossense.

Pesquisadores celebram reconhecimento
Dentro das universidades, pesquisadores produzem novas soluções para problemas da sociedade. Quando as pesquisas atendem a uma demanda já existente no mercado, elas podem se tornar um negócio, e quando o negócio tem potencial de crescer rapidamente e eficientemente, tem a característica de escalabilidade, presente nas startups. Os projetos que conquistaram o Desafio Pantanal Tech possuem este perfil.
O primeiro lugar ficou com a Spirulina Bioativo Pantanal, voltada ao uso agrícola para incremento da produtividade. A spirulina, um tipo de cianobactéria, frequentemente chamada de alga verde-azul, já é conhecida no consumo humano devido à alta densidade nutricional e ocorre naturalmente em lagoas salinas do Pantanal Sul. De acordo com a líder do projeto, Michelle Pinheiro Vetorelli, doutora em Aqüicultura, há estudos que apontam o potencial dessa cianobactéria também como bioestimulante para solo e plantas. “Nossa solução é a produção desse bioestimulante sustentável, acessível e regional, compatível com a agricultura orgânica e a produção circular”, explicou a pesquisadora.
Ao conquistar a premiação no Desafio Pantanal Tech, Michelle reforçou importância do reconhecimento. “Como docente, professor, extensionista, pesquisadores, nós estamos constantemente criando algo, mas nem sempre temos esse reconhecimento. Então, ver que a minha pesquisa, está sendo reconhecida como um prêmio, isso é muito bom mesmo”, completou. O recurso será destinado à implantação de tanques de produção, ampliando a capacidade e permitindo novas pesquisas.
Em segundo lugar, a Smart Seed.IA apresentou um sistema completo para controle de produção de sementes, que organiza, acompanha e aumenta a eficiência das sementeiras. Com relatórios inteligentes, inteligência artificial e análise estatística, a ferramenta reduz custos e elimina o viés humano na escolha das sementes. “O software consegue prever quais plantas terão melhor desempenho e quais sementes devem ser comercializadas, economizando tempo e energia”, destacou Cauê Alves Martins, doutor em Química e líder do projeto. Segundo ele, o Brasil tem quase 3 mil sementeiras, sendo 48 em Mato Grosso do Sul, o que demonstra o amplo mercado para aplicação da solução.
Outra solução nascida na academia para atender a uma demanda do mercado é a Marmos, um “spin off”, sendo um produto oriundo de outro projeto, já incubado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), intitulada Damine. A Marmos conquistou o terceiro lugar no Desafio, ao desenvolver tecnologia para classificar carne segundo padrões internacionais. O equipamento avalia rendimento e marmoreio — a gordura entremeada que influencia sabor e maciez —, auxiliando na criação de marcas e inserção em novos mercados.
“Esse projeto nasce de uma demanda regional e alia pesquisa universitária ao mercado. Nosso objetivo é valorizar a raça Nelore, extremamente exportada em volume, mas ainda subvalorizada em valor, elevando a qualidade e visibilidade internacional. Entre 102 projetos inscritos, estar ao lado de doutores e PhDs com tecnologias complexas e ainda ser premiado é uma grande satisfação”, disse o líder do projeto, o mestrando em Engenharia Elétrica, Jader Lucas Perez.
Sobre o Desafio Pantanal Tech
O edital da 2ª edição do Desafio de Inovação Pantanal Tech foi lançado durante a Pantanal Tech, em junho deste ano, priorizando projetos em estágio inicial de desenvolvimento tecnológico, classificados no nível 2 do Technology Readiness Level (TRL) – fase de modelagem conceitual, em que as ideias começam a ser testadas para aplicação prática. Além disso, todas as propostas tiveram que estar alinhadas, obrigatoriamente, a pelo menos um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
Cada projeto foi desenvolvido por equipes de duas a três pessoas, sendo necessário que, ao menos um integrante, tivesse vínculo com uma universidade do Estado ou Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT).
Mais informações aos empreendedores por meio da Central de Relacionamento do Sebrae, no número 0800 570 0800 ou pelo site: ms.sebrae.com.br.