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Três Lagoas
quarta-feira, 27 de agosto de 2025

ENXUGANDO GELO

É revoltante assistir, noite após noite, a cena se repetir: indivíduos mergulhados no vício, apelidados de “nóias”, agem à luz do dia ou da madrugada como se fossem invisíveis, intocáveis. Andam pelas ruas de Três Lagoas com a tranquilidade de quem tem a certeza da impunidade. Enquanto isso, a sociedade que trabalha, paga impostos e luta para sustentar suas famílias é quem arca com os prejuízos.

O caso mais recente aconteceu às 4h36 da manhã desta quarta-feira, em frente ao Skina Restaurante, na rua Munir Thomé, esquina com a Elmano Soares. Dois meliantes, sem qualquer receio, arrancaram cabos subterrâneos de energia diante de câmeras e testemunhas. Nenhuma viatura passou, e ainda que passasse, todos sabemos qual seria o desfecho: seriam levados para a delegacia, fichados e, em menos de 24 horas, estariam de volta às ruas, prontos para o próximo crime.

A pergunta que ecoa é simples: até quando?

A Justiça, que deveria garantir segurança à população, parece agir em defesa dos criminosos. Em muitos casos, eles são tratados como vítimas da sociedade, recebendo mais empatia do que aqueles que sofrem com seus delitos. Alguns chegam a defendê-los com discursos de compaixão, mas não estendem suas mãos para acolhê-los em suas próprias casas. A dor, afinal, só é suportável quando é a dor do outro.

Enquanto isso, as ocorrências em Três Lagoas não param: ruas às escuras, e em algumas vezes, até os poços artesianos da Sanesul são danificados por causa do roubo de fiação elétrica, deixando famílias sem água. No bairro Paranapungá, moradores relatam que não conseguem sequer circular livremente nas calçadas, tomadas por nóias que transformam os espaços públicos em áreas de risco.

A polícia, por sua vez, até tenta. Realiza batidas em ferros-velhos, prende, apreende. Mas é como enxugar gelo. A engrenagem da impunidade gira mais rápido do que o trabalho da lei, e o resultado é o mesmo: os criminosos voltam para as ruas com a sensação de que nada pode detê-los.

A sociedade clama por uma resposta. Não podemos aceitar que a normalidade seja viver cercados de medo, de escuridão, de prejuízos materiais e emocionais. É hora de cobrar mais do sistema judiciário, de exigir leis mais duras e efetivas, e de repensar as políticas públicas que, até agora, apenas alimentam o ciclo de dependência, crime e impunidade.

Porque, do jeito que está, não se vive em segurança: sobrevive-se.

Ricardo Ojeda

Diretor do Perfil News

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