O furto de fios elétricos, telefônicos e de internet tem se tornado um dos crimes mais recorrentes
Por: Nathália Santos
O crescimento acelerado da cidade, celebrado como sinal de desenvolvimento econômico, também tem exposto uma face amarga: a escalada de furtos de fios elétricos, praticados em grande parte por dependentes químicos, conhecidos popularmente como “nóias”.
O problema, recorrente em várias regiões, já deixou bairros inteiros e até mesmo a principal avenida da cidade às escuras.
Entre os pontos mais críticos estão o bairro Paranapungá, a região da rodoviária e áreas de lazer como a Primeira e Segunda Lagoas.
Recentemente, a Avenida Clodoaldo Garcia — uma das mais importantes de Três Lagoas, por onde passam visitantes vindos de Campo Grande — teve diversos quarteirões apagados após criminosos levarem cabos subterrâneos de ponta a ponta.
A prefeitura chegou a anunciar medidas emergenciais, como a substituição dos cabos por fiação aérea de alumínio, de menor valor comercial, mas os furtos seguem ocorrendo. Nesta madrugada, novos registros voltaram a ser relatados pela população.
Moradores dizem viver reféns da situação. “A polícia prende, mas no outro dia estão soltos. Tem casos de pessoas já presas mais de 40 vezes, como um conhecido pelo apelido de ‘Sorriso’. O sistema falha, e nós é que pagamos a conta”, desabafou um comerciante da região central.
A Polícia Militar e a Polícia Civil realizam operações frequentes em ferros-velhos e pontos de receptação, mas a sensação entre os moradores é de que o esforço é como “enxugar gelo”. Os suspeitos são detidos, passam pela delegacia e retornam às ruas em pouco tempo, mantendo a engrenagem do crime e da impunidade.
Além da escuridão e do risco à segurança, os furtos já afetaram serviços essenciais. Há registros de poços artesianos da Sanesul danificados, deixando famílias sem abastecimento de água.
O caso levanta um debate maior: como conciliar o crescimento da cidade com políticas públicas eficazes para lidar com a dependência química e com a criminalidade associada? Enquanto não há respostas concretas, moradores continuam convivendo com medo, prejuízos e a incerteza de quando o próximo apagão acontecerá.