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Três Lagoas
quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Três-lagoense que quase virou estatística de feminicídio transforma dor em voz de esperança para outras mulheres

A vítima se reinventou, virando influenciadora digital, ganhou independência financeira e passou a usar as redes sociais como palanque para alertar mulheres sobre os sinais do abuso

Merieli Jane conhece a escuridão de perto. No dia 25 de agosto de 2021, a três-lagoense quase entrou para uma das estatísticas mais cruéis do Brasil: a do feminicídio. Brutalmente espancada pelo ex-marido dentro de casa, ela perdeu dentes, quebrou o maxilar, teve o braço fraturado e por pouco não perdeu a vida. Mas resistiu. Fugiu nua, ensanguentada e sem forças até a porta de uma vizinha. Ali, desmaiou — mas sobreviveu.

Quatro anos depois, Merieli não é mais apenas uma vítima. É sobrevivente. É voz. É exemplo.

“Se Deus me deu uma nova chance, eu não vou desperdiçar. Hoje, vivo para os meus filhos e para ajudar outras mulheres a entenderem que existe vida além da violência”, conta, emocionada.

DO TERROR AO RENASCIMENTO

O casamento, que parecia normal aos olhos de fora, foi se transformando em prisão. O homem que deveria proteger, destruiu. Primeiro as palavras: insultos, humilhações, ameaças. Depois, os golpes: agressões físicas, tentativas de violência sexual, até o dia em que tentou atear fogo no carro com Merieli dentro.

Separada, ela ainda sofreu perseguições. O agressor invadiu a casa diversas vezes até que, naquela madrugada de agosto, deixou marcas irreparáveis em seu corpo — mas não conseguiu apagar sua força.

Merieli passou dias na UTI, semanas se alimentando apenas com sopa, meses reaprendendo a se olhar no espelho. Enquanto isso, ele foi condenado a 14 anos de prisão.

No vídeo abaixo, entrevista completa com Merieli, onde ela conta em detalhes sua trajetória, do pesadelo à superação:

UMA NOVA VIDA

Hoje, Merieli virou influenciadora digital e utiliza sua voz para orientar e encorajar outras mulheres que enfrentam relacionamentos abusivos. Com mais de milhares de seguidores nas redes sociais, ela fala abertamente sobre o que viveu e mostra como é possível se reerguer, ainda que com cicatrizes.

“Ainda tenho medo, as lembranças não somem. Mas eu transformei a dor em força. Minhas crianças precisam de mim. Eu preciso mostrar para elas que a vida não acaba quando alguém tenta destrui-la”

Sua trajetória virou referência. Mulheres que antes se calavam agora procuram Merieli para pedir conselhos, desabafar ou encontrar coragem para dar o primeiro passo rumo à liberdade.

Se você sofre violência doméstica, denuncie.

📞 Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher
📞 Ligue 190 – Emergências

UM GRITO COLETIVO

A história de Merieli escancara a realidade de muitas brasileiras. Só em 2024, o Brasil registrou mais de mil casos de feminicídio — números que traduzem uma violência estrutural e que deixam claro: amar não é machucar, cuidar não é controlar.

Merieli poderia ser apenas mais uma estatística. Mas escolheu ser resistência. Escolheu viver.

“Pedir ajuda não é fraqueza. Pedir ajuda é proteção. Eu quase morri, mas sobrevivi para mostrar que existe vida depois do medo”, diz, com a firmeza de quem transformou lágrimas em bandeira.

Hoje, Merieli não apenas reconstruiu sua vida ao lado dos filhos, como também inspira outras mulheres a acreditarem que sempre existe um recomeço. Sua história é mais do que sobrevivência: é renascimento.

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