A celulose chegou para ficar em Mato Grosso do Sul e, pelo visto, muita gente também está querendo ficar no Estado devido ao impacto econômico que o setor consegue causar. O valor das terras disparou todo o MS e cidades tiveram aumento de até 200% no preço de imóveis, reforçando a valorização imobiliária.
Uma fábrica de celulose ‘muda a cara’ de um município. Normalmente, cidades consideradas pacatas, hoje em dia, vivem em ritmo de grandes centros urbanos. Moradores conseguem ver o desenvolvimento se aproximar e se instalar na região.
Uma indústria nunca vem sozinha para uma cidade. Com ela, grandes empresas se instalam nos municípios para atender às demandas do megaempreendimento. O desenvolvimento é tão grande que até pequenos comerciantes lucram e muito, podendo se tornar grandes empresários.
IMPACTOS

Comércios, hotéis, restaurantes, bares, eventos. Uma fábrica sempre atrai grandes negócios para a cidade na qual ela se instala. Durante o pico de uma construção de uma indústria, é preciso de pelo menos 12 mil trabalhadores. Muitas vezes, esse número chega a ser maior do que a população do município no qual o empreendimento está se instalando.
Dessa forma, tudo muda, financeiramente e até no cotidiano de antigos moradores. Os maiores obstáculos do Poder Público e até das empresas mesmo são o serviço público que aumenta sua demanda e também a habitação.
Durante a construção de uma fábrica, milhares de pessoas chegam às cidades em busca de melhores condições de vida. Com isso, é preciso aumento de número de unidades de saúde, hospitais, escolas, infraestrutura e habitação.
ONDE TUDO COMEÇOU

Essa transformação já aconteceu em Três Lagoas, pioneira no setor da celulose em Mato Grosso do Sul, a qual abriga duas fábricas, sendo a Suzano e a Eldorado. Recentemente, vimos Ribas do Rio Pardo se transformando economicamente com a instalação da Suzano. No município, o imóvel aumentou em até 200% devido à alta procura.
Com isso, existem dois lados: o bom e o ruim! É ótimo para quem possui imóvel ou para quem trabalha no ramo imobiliário, já que as vendas aumentam e as casas ficam muito valorizadas, mas para quem depende de aluguel acaba se tornando um pesadelo.
Quem passou por isso sentiu na pele ter que passar a pagar um aluguel de R$ 600 para quase R$ 3 mil durante a construção das fábricas. Muitas pessoas que não têm seu imóvel próprio, muitas vezes não conseguia arcar com o valor das despesas e muitos, chegaram a passar a morar ‘de favor’ em residências de conhecidos ou na rua.
O impacto causado por uma indústria é enorme e para isso, uma união entre as fábricas e o Poder Público é preciso caminhar lado a lado. Investir em habitação é fundamental para oferecer qualidade de vida aos morados. As indústrias, além de injetarem bilhões em seus empreendimentos, também fazem um estudo de impacto tanto ambiental quanto social. Todas ajudam os moradores locais em várias formas. Empregando, oferecendo mão de obra qualificada e investindo em estrutura nas cidades que se instalam.
PROJETO SUCURIÚ

Em Inocência, cidade que está recebendo a Chilena Arauco, já está sentindo o mesmo que Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo sentiu. O município, que tinha pouco mais de mil habitantes viu sua rotina mudar de repente. Durante o pico das obras, mais de 10 mil pessoas devem passar a residir no local, cravando aquela velha história de ‘demanda e procura’.
O anúncio recente da construção da Bracell, em Bataguassu já tem mudado o ritmo não só do município, mas de muitas cidades ao redor dele. As obras que nem começaram já fizeram a região ter um ‘boom’ econômico. Hotéis, restaurantes, bares, imóveis, tudo completamente lotado.

As obras da Bracell iniciam em fevereiro de 2026 e já é praticamente impossível encontrar casas na cidade. Devido a demanda, um distrito do município, onde imóveis eram encontrados por R$ 50 mil, hoje em dia já estão sendo vendidos por quase R$ 200 mil. A procura é tão grande, que investidores estão de olho até em cidades de São Paulo, a qual Bataguassu faz divisa.
Um morador de Presidente Epitácio, em São Paulo, contou ao Perfil News, que a movimentação está grande devido a fábrica. Ele que estava pensando em vender seu imóvel está resolvendo aguardar a casa ficar ainda mais valorizada.
“Minha casa é bem grande. O preço dela normal, antes do anúncio era de aproximadamente R$ 150 mil. Hoje em dia não vendo por menos de R$ 250 mil. O terreno é enorme e com a indústria, creio que vai ficar ainda mais valorizado. É perto de Bataguassu. Acredito que muitas pessoas não vão conseguir casas lá e devem se espalhar para outras regiões. Muitas pessoas que trabalham em Ribas do Rio Pardo, moram em Campo Grande. Um ônibus leva e busca esses trabalhadores todos os dias. Acredito que o mesmo vai acontecer por aqui”, disse o morador bem entusiasmado.
A Bracell de Bataguassu será a sexta fábrica de celulose de Mato Grosso do Sul, a qual começará a ser construída em fevereiro de 2026, conforme previsão do governador Eduardo Riedel (PP). A empresa e o Estado já assinaram o contrato final para a instalação da planta.
VIAGEM À ÁSIA

Riedel contou que se reuniu com empresário da Bracell durante a viagem à Ásia e avaliou positivamente o encontro. Segundo ele, a conversa pode render mais investimentos, não com novas fábricas de celulose, mas de outras indústrias.
A empresa pretende investir US$ 4 bilhões na unidade em MS. Conforme o Governo do Estado, o processo de licenciamento ambiental já começou e o estudo está previsto para ficar pronto até fevereiro do próximo ano.
A unidade terá capacidade produtiva de 2,8 milhões de toneladas de celulose, em uma área localizada a 15 quilômetros do perímetro urbano da cidade. A perspectiva é de gerar 10 mil empregos nas obras e 3 mil na operação.
MS já tem reconhecimento nacional como o “Vale da Celulose”, tendo 24% da produção nacional. Assim, o Estado já dispõe da segunda maior área cultivada de eucalipto e é o primeiro na produção de madeira em tora para papel e celulose. Mato Grosso do Sul também aparece como vice-líder em área plantada com árvores, ficando atrás apenas de Minas Gerais.