Cardiologistas implantam prótese cardíaca em cirurgia rara no Hospital São Marcelino Champagnat
Guilherme Wagner, de 22 anos, convive desde o nascimento com um problema cardíaco grave. A condição, chamada displasia da válvula aórtica, dificultava a saída do sangue do coração e já o levou a passar por sete cirurgias. A mais recente, porém, mudou a vida do jovem: um procedimento pioneiro que uniu duas técnicas minimamente invasivas, até então nunca realizadas em conjunto.
A equipe do Hospital São Marcelino Champagnat, em Curitiba (PR), implantou uma prótese na válvula pulmonar e, no mesmo ato, fechou uma rara comunicação anormal entre a aorta — principal artéria que leva sangue para o corpo — e a artéria pulmonar, que conduz o sangue do coração para os pulmões. Tudo isso sem a necessidade de abrir o peito do paciente.
Uma infância marcada por cirurgias
O problema de Guilherme foi identificado logo nos primeiros dias de vida. Para evitar falência cardíaca, médicos implantaram um balão para ampliar a passagem do sangue. Na infância, ele passou ainda por três cirurgias de peito aberto. A mais complexa foi realizada em 2011: a Operação de Ross, em que a válvula pulmonar do paciente é transferida para o lugar da válvula aórtica e substituída por um enxerto humano. É um recurso usado em jovens que precisam de uma solução duradoura para manter o coração funcionando.
Apesar de todas as intervenções, em 2023 os sintomas voltaram com força: cansaço extremo, dificuldade para dormir e até para caminhar. “Eu já não conseguia fazer tarefas simples, como trabalhar ou me deitar para descansar. Tudo era muito mais difícil”, lembra Guilherme, que atua como auxiliar administrativo.
O desafio da sétima cirurgia
Os exames mostraram que a válvula colocada na posição pulmonar havia se desgastado com o tempo. Uma nova cirurgia de peito aberto traria riscos altos. Por isso, a equipe optou por um implante por cateter — técnica em que a prótese é conduzida por dentro dos vasos sanguíneos até o coração, sem cortes grandes.
A complexidade aumentou durante o procedimento. Após o implante bem-sucedido da nova válvula, os médicos identificaram uma abertura anormal entre a aorta e a artéria pulmonar, complicação rara em quem já passou pela Operação de Ross.
Com rapidez, a equipe realizou um segundo procedimento no mesmo ato cirúrgico: fechou a comunicação com outra prótese, também inserida por cateter. “Este é o primeiro caso registrado em que os dois procedimentos foram feitos em sequência, sem abrir o tórax. É uma mudança de paradigma na forma de tratar pacientes que já passaram por várias cirurgias abertas e não têm condições de enfrentar mais uma”, explica o cardiologista Romulo Torres, responsável pela operação.
Recuperação surpreendente
Os resultados apareceram logo. “Antes da cirurgia, eu precisava dormir sentado. Poucos dias depois, já consegui descansar deitado e me senti mais disposto”, conta Guilherme, que já retomou o trabalho, consegue se exercitar e vive sem as limitações que enfrentava há pouco mais de um ano.
Para os especialistas, a experiência abre caminho para oferecer mais qualidade de vida e longevidade a pacientes jovens com histórico de múltiplas cirurgias cardíacas. Para Guilherme, significa algo ainda mais valioso: “Agora posso pensar no futuro com mais tranquilidade”.
Sobre o Hospital São Marcelino Champagnat
O Hospital São Marcelino Champagnat faz parte do Grupo Marista e nasceu com o compromisso de atender seus pacientes de forma completa e com princípios médicos de qualidade e segurança. É referência em procedimentos cirúrgicos de média e alta complexidade. Nas especialidades destacam-se: cardiologia, neurocirurgia, ortopedia, cirurgia robótica e cirurgia geral e bariátrica, além de serviços diferenciados de check-up. Planejado para atender a todos os quesitos internacionais de qualidade assistencial, é o único do Paraná certificado pela Joint Commission International (JCI).