O dia em que você para de tentar caber é o dia em que você começa, de fato, a existir
Por Enrico Pierro
Desde cedo, a gente aprende a se encaixar. A falar do jeito certo, a agir do jeito esperado, a esconder tudo o que pode incomodar. A vida vai virando uma sequência de performances, e a gente vai se perdendo no meio do script. Um roteiro que nunca foi nosso, mas que a gente segue para não decepcionar.
Esperam que você seja calmo. Ou extrovertido. Ou racional. Ou obediente. Ou alguém que não cria problema. Esperam que você seja produtivo, gentil, positivo, bonito, sociável, equilibrado, espiritualizado, bem resolvido. E, na dúvida, que sorria. Sempre sorria. Mesmo quando tudo está desabando por dentro.
Tem uma hora que cansa. E, quando cansa de verdade, algo em você acorda. Uma voz que talvez tenha estado adormecida por anos começa a dizer que não, você não precisa agradar. Que não, você não precisa corresponder. Que a sua vida não tem que fazer sentido para os outros. E que ser quem você é, por inteiro, é mais importante do que qualquer aprovação.
Não ser o que esperam é uma forma de liberdade. Dói no começo, assusta, porque desagrada. Mas, depois, vira alívio. Quando você para de fingir, começa a respirar melhor. Começa a se vestir como quiser, a falar o que pensa, a gostar do que gosta, a sair de lugares onde não cabe. Começa a se ver com mais honestidade, e isso muda tudo.
Você não veio ao mundo para atender expectativas que não são suas. Nem para caber em rótulos que te diminuem. Você veio para ocupar o espaço que é seu, mesmo que seja apertado no começo. E só quando você se permite ser inteiro é que as pessoas certas começam a te enxergar.
O resto, vai embora.
o que fica é o que ama você de verdade.
Não pela performance. Mas pela presença.
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