A soja perdeu protagonismo, enquanto a celulose se consolidou como carro-chefe, alavancando municípios como Ribas do Rio Pardo e diversificando as rotas logísticas
As exportações de Mato Grosso do Sul cresceram 3,26% de janeiro a agosto de 2025, alcançando US$ 7,24 bilhões, segundo dados da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). O desempenho positivo ocorreu mesmo em um cenário internacional de incertezas, como a tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, além de estar marcado pela retração de algumas commodities agrícolas.
No mesmo período, as importações somaram US$ 1,66 bilhão, queda de 10,79% em relação a 2024. Em 2025, o resultado garantiu um saldo comercial de US$ 5,53 bilhões, 8,41% superior ao registrado no ano passado.
CELULOSE PUXA A ALTA
O grande destaque foi a celulose, que se consolidou como o principal produto exportado pelo estado. O setor registrou um crescimento de 49,2% em volume e valor no semestre desde ano, passando a representar 29,97% do total exportado.
Esse avanço deslocou a soja, que historicamente liderava a pauta, para a segunda posição. As exportações de soja em grão caíram 23,3% em volume e recuaram para 27,29% de participação.
Outro produto em ascensão foi a carne bovina fresca, que cresceu 43,7% em volume e 43,6% em valor, atingindo 15,07% da pauta. O minério de ferro também se destacou, com aumento de 32,8% em toneladas.
Em contrapartida, derivados da soja, como o farelo, e produtos como açúcares e melaços, apresentaram retração.
DESTINOS DAS EXPORTAÇÕES
A China segue como principal parceira comercial do estado, absorvendo 46,78% das vendas externas. Apesar de uma leve queda na participação, o volume embarcado permaneceu estável.
Os Estados Unidos e a Itália vêm logo em seguida, com 5,44% e 3,87% da pauta, respectivamente. Entre os mercados emergentes, destacam-se a Argentina (+51,57% em volume), o Uruguai (+83,07%) e a Argélia (+44,78%).
Por outro lado, países asiáticos como Indonésia (-27,87%) e Turquia (-21,25%) reduziram suas compras.
PORTOS ESTRATÉGICOS
O Porto de Santos consolidou-se como a principal saída das exportações sul-mato-grossenses, responsável por 39,29% do total, após crescer 28,44% em volume.
O Porto de Paranaguá perdeu espaço, recuando de 39,82% para 32,67%, enquanto o Porto de São Francisco do Sul caiu para 11,66%.
Em contrapartida, os portos de fronteira ganharam relevância. A Alfândega de Corumbá registrou alta de 58,16%, e o Porto Murtinho mais que dobrou sua participação, crescendo 162,55% em volume.
MUNICÍPIOS EXPORTADORES
No recorte de agosto, Três Lagoas segue líder, mas apresentou retração de 25,69%, reflexo da oscilação nos embarques de celulose.
O destaque ficou para Ribas do Rio Pardo, que saltou 716,50% em valor exportado, impulsionado pelo setor de papel e celulose, ganhando 10,86% de participação. Campo Grande (+54,38%) e Corumbá (+71,14%) também emergiram como novos polos.
Por outro lado, municípios tradicionais como Dourados (-18,99%) e Rio Brilhante (-20,65%) perderam espaço.
SETORES ECONÔMICOS
Indústria de Transformação: crescimento robusto de 22,16% em valor e 29,65% em volume, fortalecendo sua participação na economia estadual.
Indústria Extrativa: alta de 28,89% em preços e 87,42% em volume, confirmando a relevância do minério de ferro.
Agropecuária: retração significativa, com queda de 23,82% em preços e 18,33% em volume.
Outros produtos (resíduos vegetais, sucata metálica, papel reciclado): desempenho surpreendente, com crescimento de 806,55% em valor e 1.247,61% em volume.
