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quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Sob forte mobilização, deputados aprovam MP sem trechos que ameaçavam geração distribuída

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (17) a Medida Provisória 1.300, que altera regras do setor elétrico brasileiro. O texto recebeu 352 votos favoráveis e 93 contrários.

A versão aprovada não é a mesma elaborada pela Comissão Mista. Deputados chegaram a um acordo e apresentaram uma emenda aglutinativa, que excluiu trechos polêmicos e preservou apenas medidas consideradas consensuais. Entre elas estão:

            •          a ampliação da Tarifa Social de Energia;

            •          a repactuação do Uso do Bem Público (UBP), taxa paga por hidrelétricas;

            •          a redistribuição dos custos das usinas de Angra 1 e 2;

            •          e a fixação de horários específicos para a irrigação incentivada.

O QUE FOI RETIRADO

O relatório inicial previa mudanças que poderiam permitir à ANEEL criar novas modalidades tarifárias, como pré-pago, multiparte e diferenciação por horário. Essas alterações abririam caminho para a cobrança separada do custo da rede elétrica (“fio”), mesmo para consumidores que produzem a própria energia.

A proposta gerou forte reação de associações do setor, consumidores e parlamentares. Segundo representantes da área, a medida traria insegurança jurídica e poderia impor custos inesperados a pequenos geradores, inviabilizando parte da geração distribuída (GD).

MOBILIZAÇÃO DO SETOR

Após pressão e negociações, esses dispositivos foram eliminados. O deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) comemorou a vitória:

“Conseguimos retirar tudo o que poderia prejudicar a geração distribuída.”

Ele destacou a articulação conjunta com o deputado Pedro Uczai (PT-SC), o presidente do INEL, Héber Galarce, e o líder da Associação Movimento Solar Livre, Hewerton Martins.

Martins ressaltou o engajamento da sociedade civil e afirmou que o consenso no Congresso mostrou apoio à energia solar em todas as correntes políticas:

“Foi uma grande mobilização nacional. Sem isso, o setor poderia ter sido praticamente encerrado. A GD é essencial para que o consumidor participe da transição energética de forma ativa e justa.”

REAÇÕES DAS ENTIDADES

Para Carlos Evangelista, presidente da ABGD, a retirada dos artigos foi fundamental:

“Se o particionamento tarifário tivesse sido mantido, haveria risco de inviabilizar investimentos já feitos. Com o acordo, a MP 1.300 segue adiante sem ameaças à GD.”

A vice-presidente da ABSOLAR, Bárbara Rubim, avaliou que a decisão garante fôlego ao setor:

“A Câmara protegeu o interesse da população. Agora, esse debate pode ser aprofundado na MP 1.304, com mais espaço para participação pública.”

O INEL também atuou junto ao Congresso para impedir restrições à geração distribuída, defendida como peça-chave para a diversificação da matriz elétrica nacional.

PRÓXIMOS PASSOS

Segundo Lafayette de Andrada, o próprio relator da MP, Fernando Bezerra Coelho Filho, concordou em retirar pontos que atingiam a GD, deixando o debate para outra medida provisória.

Já o deputado Pedro Uczai lembrou que a vitória precisa ser consolidada:

“É essencial que o tema não volte em outras MPs, como a 1304, 1303 e 1307, para que haja segurança jurídica.”

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