O mercado norte-americano permanece estruturalmente dependente de importações de celulose, que representaram cerca de 11% da demanda total em 2024. Nesse cenário, o Brasil, em especial Três Lagoas e região, consolidou-se como principal fornecedor de celulose de fibra curta (hardwood), com 82% de participação, impulsionado por custos reduzidos, florestas de eucalipto de rápido crescimento e plantas industriais de grande escala.
Além disso, a produção brasileira de celulose deve continuar crescendo até 2029, com novos projetos já em construção ou em fase de planejamento.
Brasil se fortalece como potência global da celulose
O Brasil respondeu por mais da metade das exportações globais de celulose de fibra curta em 2024, resultado de fatores como:
- Baixos custos de produção;
- Ciclos curtos do eucalipto, de cerca de sete anos, apoiados em pesquisa genética avançada;
- Investimentos contínuos em fábricas integradas de grande porte.
Entre os projetos de expansão estão:
- Projeto Sucuriú da Arauco (MS): previsão de 3,5 milhões de toneladas anuais até 2027;
- Projeto Natureza da CMPC (RS): pode adicionar até 2,5 milhões de toneladas até 2029;
- Expansões da Bracell (MS): potencial de mais de 5 milhões de toneladas até 2029.
Diferença de preços favorece a fibra curta brasileira
A diferença de preços entre a celulose de fibra longa (softwood) e a de fibra curta (hardwood) aumentou para até US$ 300 por tonelada no mercado da Costa Leste dos EUA. Esse cenário fortalece a preferência pela celulose de eucalipto brasileira, mais barata e de alto desempenho, especialmente em segmentos como papel tissue e embalagens.
Mesmo considerando o frete marítimo, os custos da celulose brasileira continuam mais competitivos em comparação aos fornecedores norte-americanos e europeus.
Comércio e câmbio reforçam competitividade do Brasil
Enquanto a celulose europeia enfrenta tarifas de 15% nos EUA, a brasileira está sujeita a 10% — percentual que, aliado ao câmbio favorável e ao frete competitivo, garante vantagem no custo final.
Apesar de setores como madeira processada e móveis enfrentarem tarifas de até 50%, a celulose brasileira permanece entre os produtos mais estratégicos para importadores norte-americanos.
Logística impulsiona participação no mercado
Outro fator que favorece o Brasil é a logística. O transporte marítimo até a Costa Leste dos EUA não enfrenta gargalos como os canais do Panamá ou de Suez, garantindo prazos mais confiáveis.
Além disso:
- Há proximidade com grandes fábricas no sudeste dos EUA (Geórgia, Alabama e Carolina do Sul);
- Os custos de frete marítimo são competitivos, em torno de US$ 100 a US$ 150 por tonelada;
- Portos norte-americanos receberam investimentos bilionários em infraestrutura, ampliando a capacidade de recebimento.
Perspectivas: Brasil deve expandir participação nos EUA
Com a China reduzindo as importações de celulose devido ao aumento da produção doméstica, os EUA se consolidam como destino estratégico para a fibra brasileira.
Nos próximos cinco anos, a expansão da produção no Brasil deve fortalecer ainda mais essa posição. Além disso, aquisições de ativos nos EUA por empresas brasileiras podem ampliar sinergias, substituindo celulose local de maior custo por produto importado do Brasil.
Segundo o Portal do Agronegócio, o Brasil está bem-posicionado para se consolidar como líder no fornecimento de celulose ao mercado norte-americano, sustentado por baixos custos, investimentos em capacidade produtiva e logística favorável.