Com o tarifaço imposto por Donald Trump a produtos brasileiros, as exportações aos EUA tiveram uma pequena redução de 9%
Por: Nathalia Santos
Mato Grosso do Sul segue fortalecendo sua presença no comércio exterior, com desempenho positivo entre janeiro e setembro de 2025. O estado exportou US$ 8,17 bilhões no período, um crescimento de 4,4% em relação ao ano anterior. Em volume, o avanço foi ainda mais expressivo — 31%, chegando a 22,36 milhões de toneladas embarcadas.
O principal destaque da balança comercial foi novamente a celulose, que consolidou sua liderança como o produto mais exportado pelo estado. Os embarques somaram US$ 2,38 bilhões, crescimento de 35,2% frente a 2024, o que garantiu 29,2% de participação no total exportado por Mato Grosso do Sul. O resultado reforça o peso do setor florestal na economia sul-mato-grossense e evidencia o papel estratégico de Três Lagoas, que permanece como o maior município exportador do estado.
Mesmo com uma queda de 41,4% no valor exportado em setembro — reflexo das oscilações no preço internacional da celulose —, Três Lagoas movimentou US$ 158,7 milhões no mês e respondeu por 19% de todas as exportações estaduais, mantendo sua liderança absoluta. A cidade segue como o motor industrial e exportador de Mato Grosso do Sul.
Além de Três Lagoas, outros municípios também se destacaram em setembro. Campo Grande registrou alta de 35,4% nas vendas externas (US$ 67,7 milhões), impulsionada pelo aumento nas exportações de carnes e grãos. Ribas do Rio Pardo, consolidado como novo polo da celulose, manteve desempenho estável, com US$ 65,3 milhões exportados.
DIVERSIFICAÇÃO DA PAUTA EXPORTADORA
Embora a celulose lidere com folga, a carne bovina fresca foi o grande destaque positivo do período, com alta de 47,7% e participação de 15,9% no total exportado. O crescimento reflete a ampliação da capacidade frigorífica do estado e o aumento da demanda internacional por proteína animal.
Já a soja em grão, tradicional carro-chefe da balança estadual, registrou retração de 23,1% no valor exportado, totalizando US$ 2,09 bilhões (25,6% do total). A queda é atribuída à redução dos preços internacionais e à menor demanda chinesa.
Entre os produtos com desempenho expressivo, destacam-se ainda o minério de ferro (+49,7%) e o milho não moído (+43,6%), beneficiados pela boa safra e pela valorização da demanda global. Em contrapartida, farelo de soja (-35,8%) e açúcares e melaços (-17,5%) tiveram retração, pressionados por preços mais baixos e concorrência internacional.
CHINA SEGUE COMO PRINCIPAL DESTINO
A China manteve-se como principal destino das exportações sul-mato-grossenses, com US$ 3,77 bilhões em compras, o que representa 46,1% do total exportado pelo estado. O resultado foi praticamente estável em relação a 2024 (+1,7%) e reforça o papel do mercado chinês como principal comprador de celulose e soja produzidas em Mato Grosso do Sul.
Na sequência, Estados Unidos (US$ 426 milhões, -9,6%) e Itália (US$ 312 milhões, +49,4%) completam o pódio dos principais parceiros comerciais. Países do Mercosul também se destacaram com forte crescimento: Argentina (+57,9%) e Uruguai (+112,7%) ampliaram significativamente suas importações de carnes e grãos do estado.
Os resultados indicam uma diversificação gradual dos mercados compradores, com expansão em novos destinos como Chile (+9,3%) e Turquia (+16,8%), ao mesmo tempo em que a Indonésia apresentou forte queda (-35,7%).
PORTOS E LOGÍSTICA EM EXPANSÃO
O Porto de Santos (SP) segue como principal rota de escoamento das exportações de Mato Grosso do Sul, com US$ 3,17 bilhões movimentados (+21,9%), o que representa 38,9% do total exportado. Em seguida vem o Porto de Paranaguá (PR), com US$ 2,69 bilhões (-11,3%), e o Porto de São Francisco do Sul (SC), com US$ 971 milhões (-17,2%).
Destaca-se o crescimento de portos ligados à logística regional: o ALF-Corumbá (MS) apresentou alta de 77,7%, impulsionado pelas exportações de minério de ferro e celulose pela hidrovia Paraguai. Já o Porto Murtinho teve aumento de 165%, consolidando-se como corredor estratégico para o comércio com países vizinhos.
CRESCIMENTO COM BASE SÓLIDA
Com o desempenho de 2025, Mato Grosso do Sul reafirma sua posição de destaque no comércio exterior brasileiro. O estado mostra um perfil exportador mais diversificado, sustentado por três pilares principais: celulose, carnes e mineração.
Três Lagoas segue como símbolo dessa força, consolidando-se como capital da celulose e epicentro industrial do estado. A combinação de crescimento produtivo, investimentos industriais e expansão logística reforça o papel de Mato Grosso do Sul como potência exportadora nacional, com base em inovação, sustentabilidade e competitividade.
