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Três Lagoas
quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Três-lagoenses relatam que viver em Três Lagoas é um paraíso diante do medo no Rio de Janeiro


Enquanto o Rio contabiliza mais de 130 mortos na operação mais letal de sua história, moradores de Três Lagoas que vivem ou trabalham na capital fluminense descrevem um cotidiano de medo, contrastando com a tranquilidade da cidade sul-mato-grossense

Para quem viveu o pânico no Rio, Três Lagoas é sinônimo de paz

A megaoperação policial deflagrada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, nesta semana, deixou um saldo trágico de mais de 130 mortos — entre eles quatro policiais e 128 suspeitos ligados a facções criminosas. A ação, considerada a mais letal da história do estado, escancarou uma realidade marcada pelo medo e pela violência cotidiana, que impacta não apenas os cariocas, mas também aqueles que vivem entre dois mundos: o da instabilidade da metrópole e a serenidade do interior.

Moradores de Três Lagoas que trabalham ou têm familiares na capital fluminense relataram ao Perfil News o pavor e a insegurança vividos nas últimas 24 horas. As histórias revelam o contraste entre a rotina de guerra urbana no Rio e o cotidiano tranquilo da cidade sul-mato-grossense, que muitos descrevem como um “refúgio de paz”.

“Três Lagoas é o céu perto daqui”

Três-lagoenses relatam que viver em Três Lagoas é um paraíso diante do medo no Rio de Janeiro

A esteticista e massoterapeuta Luciana Góis, que mora próxima à Cidade de Deus, afirmou que o clima de tensão é constante.

“O tumulto está grande, os ônibus pararam, as pessoas não conseguiam ir embora para suas casas. Foi lamentável ver pessoas mortas. Só quem vive aqui sabe o que realmente acontece”


Luciana reconhece que o Rio oferece mais oportunidades profissionais, mas não esconde a saudade de casa. “Três Lagoas é o céu perto daqui, uma cidade abençoada. Sempre digo: quem mora em Três Lagoas é melhor ficar. O Rio está pedindo socorro.”

Todo cuidado é pouco

A médica Luciana Granja, que vive em Três Lagoas e viaja com frequência ao Rio, também sentiu os reflexos do medo. Com consultório na Barra da Tijuca, ela descreve a rotina de alerta constante.

Três-lagoenses relatam que viver em Três Lagoas é um paraíso diante do medo no Rio de Janeiro


“Onde moro, na região Sul, na Barra da Tijuca, foi mais tranquilo, mas ninguém se sente seguro. No trânsito, ande com os vidros fechados; na rua, evite usar o celular. Um descuido e você perde tudo”


Mesmo distante das áreas mais afetadas, Granja relatou que o comércio fechou mais cedo e que o clima geral era de apreensão.

“Foi um dia tenso. A cidade vive à mercê da violência, e isso mexe com todos.”

“Morar no Rio é coisa de guerreiro”

A empresária G.A.V., natural de Três Lagoas e moradora do Rio há 12 anos, foi categórica: “Aqui não dá pra dar bobeira. Tenho medo de sair com meu celular, minha aliança, ou até de perder a vida por um objeto.”

Três-lagoenses relatam que viver em Três Lagoas é um paraíso diante do medo no Rio de Janeiro
Armas de grosso calibre em poder dos traficante foram apreendidas durante a operação policial (Foto: Divulgação)


Casada com um policial civil, ela afirma que a criminalidade tomou conta do estado. “As facções dominam. Quando decidem agir, o comércio fecha, e o medo paralisa tudo. A polícia faz o que pode, mas é como enxugar gelo.”


Comparando as duas cidades, ela não tem dúvidas: “Três Lagoas é maravilhosa, onde todos se conhecem. Aqui, no Rio, é cada um por si. Morar aqui é coisa de guerreiro, não é para amadores.”

A operação mais letal da história

Batizada de Operação Contenção, a ação das polícias Civil e Militar mobilizou cerca de 2.500 agentes, 93 fuzis e dezenas de blindados e helicópteros. O objetivo era conter o avanço do Comando Vermelho (CV) e cumprir mandados de prisão contra líderes da facção.

Três-lagoenses relatam que viver em Três Lagoas é um paraíso diante do medo no Rio de Janeiro

O saldo, porém, foi de uma das maiores tragédias da segurança pública brasileira: 132 mortos, dezenas de feridos e um rastro de medo que se estendeu por toda a capital.
Imagens de corpos alinhados em lonas na Praça da Penha e moradores retirando vítimas da mata chocaram o país. Escolas fecharam, linhas de ônibus foram interrompidas e o caos se espalhou pela cidade.

O contraste entre dois mundos

Para os três-lagoenses que hoje vivem o cotidiano do Rio, o contraste é gritante. Enquanto a capital fluminense vive sob o som dos tiros, Três Lagoas é lembrada como símbolo de tranquilidade e segurança.


Lá posso sair com o celular na mão, aqui corro risco até de dia”, desabafou a empresária. “O prefeito está fazendo um bom trabalho, e o povo devia valorizar. Em Três Lagoas ainda dá pra viver.”

Entre o pavor do Rio e a calmaria de Três Lagoas, emerge um sentimento comum entre os entrevistados: o de gratidão por ter um lugar de origem onde a paz ainda é rotina — um luxo cada vez mais raro nas grandes cidades brasileiras.

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