Jovem universitário de 18 anos sofre ferimento grave ao ser atingido por fio de internet solto; empresas e autoridades seguem inertes diante de um risco que ameaça toda a população
Mais uma vez, Três Lagoas se vê diante de uma tragédia anunciada. O que poderia ter sido apenas mais um alerta se transformou em um grave acidente que quase ceifou a vida de um jovem de 18 anos. João Victor Araújo de Souza seguia para a faculdade quando um fio de internet, solto e pendendo na altura do pescoço, se enroscou em seu pescoço, derrubando-o violentamente e provocando ferimentos profundos.
O caso escancara a negligência criminosa das empresas de internet e a omissão das autoridades, que há anos ignoram as denúncias e o clamor da população.
Fios soltos, vidas em risco

As ruas de Três Lagoas tornaram-se verdadeiras armadilhas. Fios de internet e de telefonia pendurados, enrolados e caídos nas vias públicas representam um risco constante a pedestres e motociclistas. Não faltam registros de acidentes, quedas e sustos — e, agora, uma tragédia quase fatal.
Mesmo após inúmeras denúncias, reportagens e promessas de ação, a situação permanece a mesma: fios soltos continuam cruzando calçadas, postes sobrecarregados seguem ignorados e a fiscalização parece inexistente.
Empresas e autoridades lavam as mãos
A responsabilidade, empurrada de um lado para outro, acaba no esquecimento. A Elektro, concessionária responsável pelos postes, alega que as empresas de internet devem realizar a manutenção dos cabos. Já as provedoras, quando cobradas, pedem prazo ou simplesmente não respondem.
Enquanto isso, os fios seguem expostos — e as pessoas, expostas à morte.
Problema antigo, promessas esquecidas

Apesar da gravidade do incidente, a questão dos fios soltos não é nova em Três Lagoas. O Perfil News já publicou diversas matérias alertando para o perigo representado pelos cabos de internet abandonados e denunciando o descaso das empresas responsáveis.
A concessionária chegou a retirar cabos de empresas que estavam em desconformidade, mas, após pressão dos provedores, foi concedido um prazo para regularização. O prazo venceu, e — mais uma vez — nada foi cumprido.
Preocupado com o problema, o vereador Fernando Jurado chegou a reunir representantes das empresas e da Elektro para buscar uma solução. Prometeram criar uma associação e regularizar as instalações. Meses se passaram, e nada foi feito. Nenhuma medida prática. Nenhuma punição. Nenhum resultado.
A dor e a revolta de uma família

O pai do jovem ferido, Carlos Antonio Mendes de Souza, descreveu o desespero de ver o filho quase morrer por culpa do abandono:
“O fio apertou tanto que entrou quase um centímetro no pescoço dele. Graças a Deus, pessoas que passavam ajudaram. Mas até quando vamos depender da sorte? Qualquer hora, vai ser fatal.”
Além da dor, a família ainda enfrenta os custos do acidente — remédios, conserto da moto e até indenização pelo carro atingido. Tudo isso sem qualquer apoio das empresas envolvidas ou do poder público.
Uma tragédia anunciada — e ignorada


Não é o primeiro caso, e, se nada for feito, tampouco será o último. Há meses, uma universitária também se acidentou ao ser atingida por um fio solto, nas proximidades da Polícia Federal. O padrão é sempre o mesmo: empresas que se omitem, autoridades que fingem não ver e uma população que paga o preço.
Basta de impunidade
O que aconteceu com João Victor não foi um “acidente”: foi o resultado direto da irresponsabilidade e da omissão. É inadmissível que em pleno século XXI uma cidade do porte de Três Lagoas, a Capital Mundial da Celulose, cresça sobre uma rede de fios abandonados, sem controle, sem manutenção e sem punição.
Três Lagoas exige respeito. Exige ação. Exige que as empresas de internet e as autoridades assumam suas responsabilidades — antes que a próxima vítima não tenha a mesma sorte.


                                    

