Cidade é pioneira no setor da celulose de Mato Grosso do Sul e exemplo para quem deseja investir em florestas plantadas
Mais uma vez, o nome de Três Lagoas virou destaque internacional. Nesta segunda-feira (24), aconteceu a primeira edição do Fórum Agro, na Casa Fasano, em São Paulo. O evento trouxe ao centro do debate um setor essencial, porém pouco visível dentro do próprio agronegócio: a indústria brasileira de florestas plantadas.
BASE FLORESTAL
Mato Grosso do Sul possui atualmente cerca de 1,8 milhão de hectares de florestas plantadas e prevê atingir 2,5 milhões de hectares nos próximos três anos, um crescimento de 40% da base florestal. O avanço será guiado pela sustentabilidade, conceito que tem orientado as estratégias das grandes empresas do setor de papel, celulose e madeira.
O evento, realizado pela Veja, mostrou a importância do setor. Germano Vieira, diretor florestal da Eldorado Celulose, detalhou como o cultivo de árvores, frequentemente lembrado apenas como “floresta” é, na verdade, uma atividade agrícola altamente tecnológica e estratégica para o país.
Segundo o portal Veja, Vieira destacou que o segmento ocupa apenas 1% do território nacional, segundo dados do Mapa e da Embrapa, mas gera impacto econômico e ambiental de escala muito maior.
VALE DA CELULOSE
Mato Grosso do Sul é exemplo mundial quando o assunto é celulose. Três Lagoas, pioneira no setor no Estado, abriga duas indústrias e acabou se tornando ‘a professora’ de Ribas do Rio Pardo e Inocência que, em breve, também terão fábricas operando. Agora, mais uma fábrica vai se instalar na região já conhecida como ‘Vale da Celulose’. Uma Bracell também será construída em Bataguassu, aumentando ainda mais a economia do Estado.
Vivemos um momento crítico na história da humanidade, com as mudanças climáticas, intensas transformações tecnológicas e geopolíticas, conflitos e reviravoltas no tabuleiro do poder. A ciência já comprovou que as emissões antropogênicas, principalmente de gases de efeito estufa, são um dos principais causadores da crise do clima. A humanidade precisa agir com urgência para mudar como produz, consome e gerencia os recursos, buscando reduzir impactos e se adaptar.
ATIVO FLORESTAL

Hoje, o Brasil possui cerca de 10 milhões de hectares de florestas plantadas, sendo 8 milhões de eucalipto, distribuídos entre os setores de celulose, siderurgia, biomassa e madeira sólida. Trata-se de um conjunto de atividades que movimenta cadeias inteiras: da produção de papel e embalagens a móveis, cosméticos, tecidos tecnológicos e até itens usados na siderurgia. São mais de 5 mil bioprodutos derivados diretamente desse cultivo organizado e altamente manejado.
O diretor da Eldorado também ressaltou a relevância econômica do setor. Somente em 2024, as exportações da indústria de árvores plantadas somaram 15,7 bilhões de dólares, ao mesmo tempo em que a atividade recolheu 21,8 milhões de reais em impostos e gerou 2,8 milhões de empregos, muitos deles altamente qualificados e intensivos em tecnologia. O Brasil, segundo ele, planta quase 2 milhões de novas árvores por dia, o que posiciona o país como líder global não apenas em produtividade florestal, mas também em capacidade de captura de carbono, um elemento central na agenda climática.
CERTIFICAÇÕES
A energia verde, proveniente do chamado licor negro, subproduto do processamento da madeira que se transforma em fonte energética. Isso reduz emissões, substitui combustíveis fósseis e reforça o caráter sustentável da cadeia.
Além disso, as áreas de preservação mantidas dentro das fazendas florestais, cerca de 7 milhões de hectares, possuem mais de 8 mil espécies registradas de fauna e flora, todas monitoradas. Esse conjunto garante certificações internacionais como FSC e Cerflor, que abrem portas para a exportação a mercados mais exigentes, especialmente Europa, Estados Unidos e Ásia.
O setor inaugura, praticamente, uma fábrica a cada ano e meio, na contramão da precoce e acelerada desindustrialização nacional. Com isso, amplia consistentemente a oferta de empregos diretos e indiretos em diversas localidades no Brasil, a maioria delas com baixo dinamismo econômico antes da chegada das empresas desse segmento.
O principal eixo de ampliação de áreas de cultivo foi no estado do Mato Grosso do Sul, em terras já antropizadas, transformadas em plantações florestais. Com isso, o setor recupera pastos de baixa produtividade com uma nova ocupação, que remove carbono da atmosfera e é manejada de forma sustentável, entregando benefícios para o ambiente e valor compartilhado para a sociedade.
De acordo com o IBA (Instituto Brasileiro de Atuária) os plantios de eucalipto estão localizados, principalmente, nas regiões sudeste e centro-oeste do país, com destaque para Minas Gerais (29%), Mato Grosso do Sul (15%) e São Paulo (13%). A indústria de árvores cultivadas brasileira tem um comércio internacional de US$ 12,7 bilhões e segue como a maior exportadora de celulose do mundo, ficando no patamar acima de 18 milhões de toneladas enviadas ao exterior.
RECICLAGEM
No entanto, o diretor da Eldorado ponderou que há um ponto crítico que precisa avançar: a reciclagem. Sem ela, parte do carbono capturado pelas árvores retorna rapidamente à atmosfera quando produtos de papel e madeira são descartados incorretamente. Expandir a reciclagem, portanto, é um elo fundamental para ampliar o impacto climático positivo da cadeia florestal e fortalecer seu papel na descarbonização global.
O setor trabalha em conjunto com a comunidade em prol de um impacto positivo e da geração de valor compartilhado, repercutindo em desenvolvimento para os cidadãos. Para isso, estabelece relacionamentos, dialoga para escutar demandas e percepções, mapeia oportunidades de melhoria; e investe em projetos de desenvolvimento socioeconômico.





