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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Crescimento populacional pressiona cidades do Vale da Celulose e expõe desafios sociais em MS

Por: Nathalia Silva

Durante audiência pública realizada para discutir os impactos sociais e ambientais do rápido crescimento populacional no Vale da Celulose, região que reúne municípios diretamente afetados pela expansão da indústria de celulose no Mato Grosso do Sul, autoridades municipais, representantes do setor produtivo e membros do governo federal destacaram a necessidade urgente de planejamento urbano e políticas públicas estruturantes.

O prefeito de Inocência, Antônio Ângelo, chamou atenção para a crise habitacional vivida por municípios próximos aos grandes empreendimentos industriais. Segundo ele, o aumento repentino da demanda por moradia fez os preços dos aluguéis dispararem, expulsando moradores tradicionais para cidades vizinhas.

EMIGRAÇÃO

Crescimento populacional pressiona cidades do Vale da Celulose e expõe desafios sociais em MS

“O que nós precisamos muito, além de educação, saúde, assistência social, infraestrutura e segurança, é habitação. A nossa população está mudando para as cidades vizinhas porque não tem como pagar aluguel. Antes da fábrica, era 800, 1.500 reais; hoje é 3, 4, 5, 10, até 20 mil o aluguel de uma casa. As pessoas estão encontrando muita dificuldade”, alertou o prefeito.

Representando as empresas produtoras de celulose, José Carlos da Fonseca, da IBÁ, ressaltou que, apesar de recente, a atividade já tem papel central no comércio internacional. Ele destacou a relevância do setor para o suprimento global de papéis higiênicos e outros produtos essenciais.

Crescimento populacional pressiona cidades do Vale da Celulose e expõe desafios sociais em MS
Para atender as necessidades de seu colaboradores a Suzano construiu 210 unidades habitacionais em em Ribas do Rio Pardo (Foto: Assessoria)

“A inovação e a tecnologia, em parceria com grandes clientes mundo afora, geram um produto chamado tissue, papéis de uso higiênico. As principais marcas dos Estados Unidos, de papel higiênico e toalha de papel, simplesmente não teriam como seguir adiante se houvesse uma desorganização abrupta desse suprimento”, afirmou.

MEIO AMBIENTE

Do lado ambiental, o alerta veio de Edgar Caetano, representante do Ministério da Integração. Ele chamou atenção para os riscos da expansão acelerada das plantações de eucalipto sem manejo adequado.

“Se não fizermos um manejo sustentável e uma integração produtiva, podemos ter problemas com a biodiversidade e a fauna. Podemos perder áreas essenciais para produção e conservação de biomas importantes no Mato Grosso do Sul”, destacou.

Já a diretora do Departamento de Estruturação do Desenvolvimento Urbano do Ministério das Cidades, Cristiana Escorza, enfatizou que o crescimento acelerado precisa vir acompanhado de ordenamento territorial.

PLANO DIRETOR

“A base fundamental é o plano diretor. Esse crescimento super rápido traz desenvolvimento econômico, mas entendemos os desafios enfrentados. Por isso, temos a possibilidade de apoiar os municípios a elaborar ou revisar seus planos diretores”, afirmou.

Encerrando as discussões, o senador Nelsinho Trad (PSD–MS) avaliou que o avanço da indústria representa uma oportunidade de desenvolvimento, mas exige preparo.

“É um problema, apesar de ser um problema bom, porque gera desenvolvimento e aumenta a receita. Mas precisa ter organização e planejamento para que essas transformações não causem impactos tão graves nas cidades. Situações como essa refletem até na saúde”, observou o parlamentar.

A audiência reforçou a necessidade de ações coordenadas entre municípios, Estado, governo federal e setor privado para que o Vale da Celulose consiga absorver o crescimento econômico sem aprofundar desigualdades sociais ou comprometer o meio ambiente.

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