A futura entrega da Rota da Celulose ao Consórcio Caminhos da Celulose, prevista para janeiro de 2026, ocorre em um momento sensível para a segurança viária em Mato Grosso do Sul.
Dados recentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que, embora o número total de acidentes tenha diminuído em 2025, a gravidade dos sinistros aumentou, especialmente em rodovias que integram ou se conectam diretamente ao corredor logístico da celulose.
Entre os trechos mais críticos estão a BR-262, que liga Três Lagoas a Campo Grande, e a BR-158, entre Aparecida do Taboado e Brasilândia — vias estratégicas para o escoamento da produção industrial e que fazem parte do contexto da concessão rodoviária anunciada pelo governo estadual.
BR-158: MENOS SINISTROS, MAS ACIDENTES MAIS GRAVES
Na BR-158, os registros indicam redução no número total de sinistros, que caiu de 54 em 2024 para 47 em 2025. Apesar disso, houve um aumento significativo na gravidade das ocorrências: os acidentes classificados como graves passaram de 15 para 23.
O número de mortes permaneceu estável, com nove óbitos em cada ano, o que revela que, embora os acidentes tenham se tornado mais severos, a letalidade não apresentou variação até novembro de 2025. Ainda assim, os dados acendem um alerta sobre as condições da rodovia e o risco crescente para motoristas e trabalhadores do transporte.
BR-262: MENOS OCORRÊNCIAS, MAIS MORTES
A situação é ainda mais preocupante na BR-262, principal ligação entre Três Lagoas e Campo Grande e trecho que aguarda duplicação. Em 2025, o total de sinistros caiu de 104 para 95, mas os acidentes graves aumentaram de 31 para 36.
O dado mais alarmante é o crescimento no número de mortes: 12 óbitos em 2024 contra 19 em 2025, um aumento de sete vítimas fatais. A rodovia é considerada fundamental para a logística da celulose, o que reforça a urgência de intervenções estruturais prometidas no pacote de investimentos da concessão.
REDUÇÃO DE ACIDENTES NÃO SIGNIFICA MAIS SEGURANÇA
A análise conjunta da BR-158 e da BR-262 revela um padrão claro: menos acidentes, porém mais graves. Esse cenário indica que a diminuição de ocorrências leves não tem sido suficiente para reduzir os riscos de tragédias nas estradas.
Especialistas apontam que fatores como tráfego pesado, alta velocidade, trechos sem duplicação e falhas de infraestrutura contribuem para a severidade dos sinistros, especialmente em corredores logísticos de grande circulação.
CONCESSÃO DA ROTA DA CELULOSE COMO OPORTUNIDADE DE MUDANÇA
Diante desse cenário, a concessão da Rota da Celulose, que prevê R$ 6,9 bilhões em investimentos ao longo de 30 anos, surge como uma oportunidade estratégica para enfrentar os problemas de segurança viária.
Entre as melhorias previstas estão duplicações, terceiras faixas, acostamentos, sinalização e estruturas de apoio, especialmente em trechos críticos como a BR-262.
Os dados reforçam que a modernização da infraestrutura não é apenas uma demanda econômica, mas uma necessidade urgente para salvar vidas. A expectativa é que a gestão privada, aliada à fiscalização e educação no trânsito, contribua para reverter o aumento da gravidade dos acidentes nas rodovias sul-mato-grossenses.
Por: Nathalia Santos





