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quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Costa Leste em desenvolvimento: ‘boom’ industrial transforma cidades e desafia políticas de habitação

Por: Nathália Santos

O avanço de grandes empreendimentos industriais em Mato Grosso do Sul tem colocado em evidência um dos principais desafios enfrentados por municípios de médio e pequeno porte: a falta de moradia.

Cidades como Bataguassu, Ribas do Rio Pardo e Inocência já sentem — ou começam a se preparar — para os impactos provocados pela chegada de fábricas e novos polos produtivos.

MORADIA VIRA PRINCIPAL DESAFIO

Em Bataguassu, a expectativa em torno da instalação de uma fábrica de celulose e da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) já movimenta a cidade. deve iniciar suas operações em março de 2026. O complexo está localizado às margens da MS 395, saída para Brasilândia, enquanto a fábrica de celulose será construída na zona rural, as margens da BR-267, rodovia que deverá favorecer o escoamento da produção, ampliando a competitividade e atraindo novos investimentos.

O anúncio do empreendimento atrai trabalhadores, empresas e investidores, aumentando a pressão sobre o setor habitacional. O receio é que o crescimento acelerado resulte em falta de casas, alta nos aluguéis e problemas sociais.

EXPERIÊNCIA DE RIBAS DO RIO PARDO SERVE DE ALERTA

Costa Leste em desenvolvimento: ‘boom’ industrial transforma cidades e desafia políticas de habitação
Casas construídas pela Suzano em Ribas do Rio Pardo para atender a demanda dos colaboradores da empresa (Foto: Assessoria)

Situação semelhante foi vivida por Ribas do Rio Pardo com a chegada da Suzano. A empresa chegou a construir moradias para atender parte da demanda, mas, mesmo assim, o município precisou investir em novas unidades habitacionais. O déficit permaneceu, principalmente durante o pico das obras.

EXPECTATIVA EM INOCÊNCIA

Em Inocência, a instalação de um empreendimento do setor sucroenergético também gera preocupação.

A previsão é de construção de cerca de 700 casas, mas especialistas destacam que apenas iniciativas privadas não são suficientes para suprir toda a demanda. A atuação do poder público será determinante para evitar problemas futuros.

MEDIDAS PREVENTIVAS EM BATAGUASSU

Diante do cenário, a Prefeitura de Bataguassu já iniciou ações para se adequar à nova realidade. Uma das medidas foi a regulamentação dos alvarás para alojamentos, que só poderão ser concedidos para áreas localizadas a pelo menos cinco quilômetros do centro urbano.

A intenção é evitar a aglomeração de trabalhadores na região central, especialmente durante o pico das obras, quando a circulação pode ultrapassar 10 mil pessoas.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS ENTRE MUNICÍPIOS

Uma comissão da prefeitura de Bataguassu visitou Ribas do Rio Pardo para conhecer os impactos causados pela instalação da fábrica de celulose e trocar experiências com a administração local. O objetivo é aprender com situações já enfrentadas por outros municípios.

TRÊS LAGOAS COMO REFERÊNCIA

Três Lagoas é apontada como referência para cidades que vivem esse processo de industrialização acelerada.

A experiência mostrou que o crescimento econômico precisa vir acompanhado de planejamento e investimentos em áreas essenciais, como habitação, saúde, educação e segurança pública.

ESTADO RECONHECE DÉFICIT HABITACIONAL

Em junho, o governador Eduardo Riedel (PP), falou sobre o déficit habitacional que o Estado passa diante das mega fábricas de celuloses em MS.

Na ocasião, Riedel destacou que, diante da pressão populacional gerada por obras e operações de grandes fábricas, como as da Suzano, Arauco e Bracell, foi necessário agir em várias frentes, incluindo a mudança de regras federais para viabilizar investimentos em municípios de pequeno

A solução, segundo ele, passa por uma integração entre Estado, governo federal e setor privado, incluindo contrapartidas exigidas das próprias empresas.

“Em Inocência estamos começando com 600 casas, em Bataguassu, com a Bracell, serão mil unidades. Em Ribas, a Suzano também construiu um volume expressivo de moradias, a pedido nosso. Temos os programas federais, os do Estado e as ações em parceria com as empresas. É o que eu chamo de ‘dor do investimento”, disse Riedel.

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