28/01/2006 10h48 – Atualizado em 28/01/2006 10h48
Dourados News
A educação abrindo novos caminhos para a preservação dos conhecimentos tradicionais de uma comunidade. Essa é a essência de uma parceria entre o governo de Mato Grosso do Sul e os índios guaranis que vai levar ensino médio em tempo integral a adolescentes e jovens da aldeia Tey Cuê, em Caarapó, na região Sul do Estado.A criação da nova escola foi acertada na tarde de ontem em uma audiência entre o vice-governador Egon Krakhecke e representantes da prefeitura de Caarapó e da aldeia Tey Cuê. Hoje, ao terminar a 8ª série do ensino fundamental, os indígenas precisam ir para a cidade para continuar estudando.Acompanhado do secretário estadual de Educação, Hélio de Lima, Egon assegurou o apoio do governo do Estado para a criação de uma escola de ensino médio que começa a atender, já neste ano letivo, 80 estudantes.Toda a proposta pedagógica foi elaborada pelos índios guaranis da Tey Cuê e a escola terá seu foco na capacitação da população indígena para o desenvolvimento de atividades econômicas tradicionais e sustentáveis ambientalmente. Pela proposta, a escola Yvy Poty (Flor da Terra, em guarani) atenderá os estudantes em tempo integral. Todo dia, os alunos terão quatro horas de aulas teóricas por dia, seguindo o currículo tradicional das escolas de ensino médio, e outras quatro horas dedicadas ao estudo de práticas de agroecologia e de outras atividades econômicas que integrem os conhecimentos tradicionais dos guaranis com tecnologias. A formatação da proposta pedagógica da comunidade teve o apoio técnico de professores-pesquisadores da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), que atuam na Tey Cuê. A prefeitura de Caarapó também está envolvida com o projeto.Além de melhorar o nível de escolaridade da comunidade, a escola de ensino médio indígena pretende evitar que jovens precisem deixar a comunidade em busca de trabalho. “Nós queremos um ensino médio com educação ambiental e econômica, que profissionalize os nossos jovens para que eles não precisem olhar para fora da aldeia para encontrar alternativas de renda”, resumiu o cacique guarani Zenildo Isnardi ao explicar as expectativas da comunidade com a criação da nova escola. O governo do Estado vai criar a nova escola, ceder os professores e destinar mobiliário e equipamentos para que as aulas comecem já em março. Provisoriamente, a parte teórica do curso será oferecida no período noturno nas dependências de uma escola municipal que já está em operação na Tey Cuê, mas o prédio próprio começa a ser construído ainda este ano. “O governo do Estado vai apoiar integralmente a comunidade indígena para avançar cada vez mais na educação”, assegurou o vice-governador. A cessão da escola municipal no período noturno provisoriamente foi garantida pelo prefeito de Caarapó, Mateus Palma de Faria (PL), também presente à audiência. Para implementar o modelo de ensino proposto pela comunidade, o governo do Estado, a prefeitura de Caarapó e a UCDB vão buscar parcerias com o Idaterra, o Iagro e a Embrapa.