18/01/2006 10h00 – Atualizado em 18/01/2006 10h00
Diário MS
A Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal já tem o mandado de apreensão dos 30 caminhões (carretas) da Rodocamp, empresa que, segundo investigações da PF (Polícia Federal) é um dos braços da organização Campina Verde. Nem o gabinete da 3ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande nem a Polícia Federal em Dourados confirmou oficialmente a ordem para a apreensão das carretas. Mas, duas fontes, uma da PF e outra na PRF (Polícia Rodoviária Federal), confirmaram a existência do mandado. Em Mato Grosso, o inspetor Fernando, chefe da delegacia da PRF em Rondonópolis, onde está a sede administrativa da Rodocamp, não havia recebido ainda o mandado ontem. A Superintendência da PRF em Cuiabá também não recebeu nada ontem, segundo o inspetor Munhoz, chefe do setor de comunicação. A Rodocamp seria uma das 38 empresas satélites do grupo Campina Verde, controlado pelos Irmãos Fernando e Aurélio Rocha e pelo pai deles Nilton Rocha Filho. Eles estão presos desde domingo na carceragem da PF em Dourados, juntamente com os contadores Paulo Campione e Milton Luna. Os empresários e os contabilistas são acusados de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, uso de documento falso, falsificação de documentos públicos, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Além deles, outras 14 pessoas são acusadas pelos mesmos crimes – a maioria ligada às 38 empresas satélites (“fantasmas”) que foram abertas para dar suporte ao esquema de sonegação. Documentos apreendidos pela Polícia Federal em Dourados, durante diligências de investigação do “Esquema Campina Verde” confirmam, segundo denúncia do MPF (Ministério Público Federal), que a Rodocamp Transportes Rodoviários de Cargas Ltda., pertence aos Rocha. No entanto, segundo a PF, Cássio Basália Dias, que oficialmente é dono da empresa, nega qualquer vínculo com a Campina Verde. Segundo investigação da PF, a aquisição de parte da espantosa frota de caminhões da Rodocamp foi feita por Aurélio e Nilton Rocha Filho. Em vários contratos de financiamento para aquisição de veículos os dois figuram como fiadores. “Às vezes, Nilton Rocha Filho é o único a assinar. Também no contrato de locação do imóvel para a empresa Rodocamp é Nilton (pai de Aurélio e Fernando) quem aparece como fiador”, consta da denúncia oferecida pelo MPF, no dia 9, ao juiz Odilon de Oliveira, da 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande. A Rodocamp foi constituída em abril de 2001 em Dourados. Mas este ano, a estrutura administrativa da empresa foi transferida para Rondonópolis (MT), ficando uma espécie de filial em Dourados. Cássio é primo dos irmãos Rocha. Ele administra a transportadora, mas segundo as investigações, sempre esteve nas mãos de Fernando e Aurélio. O próprio nome da empresa sugere a ligação, segundo a PF. Rodo, de transportes rodoviários e camp, de Campina Verde. Segundo as investigações, outros documentos apreendidos denotam a utilização de veículos da Rodocamp em serviços de interesse particular da família Rocha. Outra iniludível evidência da ligação, segundo apuração da PF, é a identificação da empresa transportadora Jojoel, que seria a mais nova empresa forjada pela organização. Na denúncia oferecida à Justiça, o MPF afirma que todas as evidências apontam que Cassio está sendo usado pelo esquema montado pelos Rocha. No entanto, ele detém uma condição um pouco mais privilegiada do que a da maioria dos “laranjas” do esquema. Ele teria participação na construção do Residencial Gramadu’s, em Dourados, cujo imóvel pertencia a Nilton Rocha e estava sob a responsabilidade de Fernando. Cassio ficou com uma das 36 unidades residenciais construídas. As contas bancárias de Cássio também apresentam movimentação muito expressiva, segundo investigações da PF. Uma delas, no Bradesco, tem movimentação de pelo menos R$ 3,5 milhões entre 1996/2003. Isso, segundo a denúncia do MPF, faz supor que ele também esteja cedendo suas contas para a movimentação milionária da organização dos Rocha. CÁSSIO NEGA Na PF, Cássio sustentou que é o proprietário da empresa. “Sustenta, sem maior constrangimento, que experimentou, em pouco tempo, vertiginosa ascensão profissional e financeira, relatando que, de um simples escriturário na Campina Verde, nos anos de 1995/1998, teria se tornado agenciador autônomo de fretes e, em seguida, em 2001, constituído a referida empresa, com recursos ‘seus’ – R$ 50.000,00”, está escrito na denúncia do MPF à Justiça. Cássio informou à PF que na ocasião teria adquirido quatro carretas com cavalo mecânico. No início deste ano, já havia aumentado para 40 os conjuntos de caminhões, segundo as investigações. Sobre o vínculo empregatício mantido com a empresa Terra Boa (cujos quadros integrou como funcionário), Cássio disse que a providência deu-se apenas com vistas à manutenção de vínculo com a Previdência Social, o que, segundo o MPF, soa bastante contraditório com a alardeada condição de próspero empresário.




