13/01/2006 06h29 – Atualizado em 13/01/2006 06h29
Midiamax
A sexta-feira 13 está cercada de superstição. Gato preto, passar debaixo de escada, sentar à mesa com mais doze convidados (somando treze), quebrar espelho. Tudo o que já povoa a imaginação dos supersticiosos ganha força neste dia batizado de “dia do azar”. O número treze, em muitos lugares do mundo, em especial no ocidente, representa a símbolo de mau agouro. Na Europa, por exemplo, grande parte dos hotéis não possui o 13º andar, pulando do 12º ao 14º na numeração. Nem todos acreditam na crendice popular e o temor à sexta-feira 13 divide a opinião da população campo-grandense. A empregada doméstica Aparecida Pio, de 47 anos, afirma categoricamente que a data não faz diferença alguma em sua vida, “é um dia como outro qualquer, tenho muita fé em Deus e minha igreja não acredita nestas superstições”, ressalta a evangélica. Uma das razões de se ter criado o mito da sexta-feira 13 parece estar ligada à história da Bíblia. Segundo o Padre João Fagundes, da Igreja Nossa Senhora da Glória, em Juiz de Fora, o Novo Testamento conta que Jesus Cristo, na Última Ceia, sentou-se à mesa com os apóstolos, que ao todo, incluindo Jesus, eram 13. Muitas pessoas consideram Judas o 13º apóstolo, justamente quem entregou Jesus e o levou à morte na Sexta-feira da Paixão. Assim, graças ao episódio bíblico, a sexta-feira 13 passou a ser lembrada como um dia fatídico, ligado à morte. A empresária Rosália Campos, de 35 anos, alega que sempre teme a tão comentada data, “não saio de casa para evitar acontecimentos ruins, mas graças a Deus, nunca aconteceu nada. Acho que temos esse temor por causa do filme Sexta Feira 13, que aguçou ainda mais as superstições com esta data”, comenta Rosália. As lendas Além da justificativa cristã, existem duas outras lendas que explicam a superstição. Uma Lenda diz que na Escandinava existia uma deusa do amor e da beleza chamada Friga (que deu origem a friadagr, sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga em uma bruxa exilada no alto de uma montanha. Para vingar-se, ela passou a reunir-se todas as sextas com outras onze bruxas e mais o demônio – totalizando treze – para rogar pragas sobre os humanos. Da Escandinava a superstição se espalhou pela Europa. A outra lenda é da mitologia nórdica. No valha, a morada dos deuses, houve um banquete para o qual foram convidados doze divindades. Loki o espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga em que morreu o favorito dos deuses. Este episódio serviu para consolidar o relato bíblico da última ceia, onde havia treze à mesa, às vésperas da morte de Cristo. Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa. Folclore popular A superstição faz parte do folclore de cada cultura e está ligada também a aspectos psicológicos. De acordo com o dicionário Aurélio, “Superstição” vem do latim superstitio, que significa “o excesso”, ou também “o que resta e sobrevive de épocas passadas”. Em qualquer acepção, designa “o que é alheio à atualidade, o que é velho”. Transposto para a linguagem religiosa dos romanos, o vocábulo “superstitio” veio a designar a observância de cultos arcaicos, populares, não mais condizentes com as normas da religião oficial. A sexta-feira 13 seria uma forma de se colocar a sombra para fora da mente, uma maneira de materializá-la e seus símbolos, o gato preto e as bruxas, principalmente, são representantes do que as pessoas mais temem. O gato preto, por exemplo, simboliza o que há de mais profundo na psique humana, que é com o que a maioria das pessoas evita entrar em contato.