11/01/2006 06h51 – Atualizado em 11/01/2006 06h51
Jornal da Globo
Para o motorista que usa o álcool como combustível, a notícia não é das melhores.Além de enfrentar uma série de aumentos, ele assiste a mais uma disputa entre usineiros e governo. Na hora de abastecer, o consumidor se dá conta: preço já não é o argumento mais forte para encher o tanque com álcool. “Acho que vale pela questão ambiental porque a diferença entre álcool e gasolina diminuiu bastante”, diz uma consumidora. Há muito tempo o Brasil não colhia tanta cana. Só que em 2005 o produtor tinha outros destinos lucrativos para a colheita: o açúcar subiu de preço, a exportação de álcool aumentou e quase 1 milhão de carros bicombustíveis estavam nas ruas. Por isso agora, na entressafra da cana, a oferta é menor do que se esperava e o preço disparou em todo o país. “Não tem produção do produto e continua tendo consumo. Esses preços mais elevados são naturais entre dezembro e abril de todos os anos”, explica a economista Amaryllis Romano. O governo acha que pode evitar novos aumentos. A proposta é que o álcool saia das usinas com o preço fixo: R$ 1 por litro. Nesta quarta-feira em Brasília, representantes do governo e dos produtores se reúnem para encontrar uma solução para o problema. Mas na terça-feira em São Paulo, representantes dos produtores já adiantaram que não aceitam qualquer tipo de controle de preços. Os usineiros aceitam apenas antecipar o início da safra. Com o aumento da oferta de álcool, a tendência é que o preço caia. Mas isso, só daqui a dois meses. Antonio de Pádua Rodrigues, representante dos produtores, afirma que neste ano eles planejam antecipar a safra para ser moída em março e em abril. Serão 800 milhões de litros que, segundo Rodrigues, é mais do que suficiente para o abastecimento neste período.
