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segunda-feira, 12 de maio de 2025

Quebra de sigilo não explica movimentação de R$ 6 bi

11/01/2006 11h23 – Atualizado em 11/01/2006 11h23

Folha Online

A três meses do fim da CPI dos Correios, pelo menos R$ 6 bilhões movimentados em contas bancárias de empresas sob investigação, cujo sigilo foi quebrado há mais de cinco meses, seguem um enigma para os técnicos da comissão.VO volume corresponde ao total não identificado de depositantes ou favorecidos de operações ocorridas em agências do Banco Real (integrado em 2000 ao ABN Amro Bank). Os arquivos de computador –enviados para atender às decisões de quebra do sigilo de vários investigados– chegaram incompletos à CPI.A CPI ainda não sabe de onde vieram R$ 3 bilhões que abasteceram tais contas e também desconhece quem foram os beneficiários dos outros R$ 3 bilhões.O Banco Real reconheceu falha em “1%” do material enviado, e prometeu corrigi-lo. “Esclarecemos que todas as informações solicitadas pela CPI foram atendidas nos prazos estabelecidos. Em um dos CDs de dados enviados havia mais de 30 mil lançamentos e destes cerca de apenas 1% não apresentou a origem/beneficiário nos primeiros trabalhos efetuados. Conforme já transmitido à própria CPMI, o banco continua apurando esse 1% de informações faltantes e tão logo concluído o levantamento, posicionará a CPI”, informou a nota do banco.As principais empresas que são alvo da investigação e mantêm contas no Real são a Visanet, empresa que administra a rede de casas de comércio filiados ao sistema de cartões de crédito Visa, a empresa de publicidade Duda Mendonça Associados, cujo dono assumiu manter um caixa dois de R$ 10,5 milhões no exterior, a empresa de aviação Skymaster Airlines, acusada de irregularidades em contrato com os Correios, e a operadora de telefonia Telemig Celular, que contratou a empresa do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, um dos idealizadores do “mensalão”.Embora considerado pelos técnicos da CPI como o mais atrasado na correção dos dados, o Real não é o único. A comissão cobrou, por ofício, que todos os bancos corrijam seus arquivos.Os sigilos das contas operadas no Real foram quebrados há mais de cinco meses. Em 25 de agosto, a CPI atacou o sigilo da Visanet e da Telemig Celular a pedido do deputado federal Carlos Abicalil (PT-MT) e da senadora Ideli Salvatti (PT-SC). No mesmo dia, o sigilo da Duda Mendonça foi quebrado a pedido do deputado Ônyx Lorenzoni (PFL-RS). Em 14 de julho, o senador César Borges (PFL-BA) havia pedido e obtido a quebra do sigilo da Skymaster.DepoimentosO relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), é contrário à convocação de duas testemunhas que têm sido relevadas pela CPI –o que se choca com o entendimento do subrelator para a movimentação financeira, Gustavo Fruet (PSDB-PR).O tucano vai apresentar requerimento para novamente marcar a data da convocação de Solange Pereira Oliveira, funcionária da direção nacional do PT subordina ao ex-tesoureiro Delúbio Soares, que fez saques das contas da SMPB, e Soraya Garcia, ex-assessora financeira do PT de Londrina (PR) que denunciou o suposto envolvimento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu num esquema de caixa dois eleitoral no município em 2004. Serraglio é contra dar prioridade aos dois depoimentos. “O caso da Soraya é um dado de uma campanha regional. Para eu chamar a Soraya, vou ter de chamar mais gente, de outros Estados. Não temos nada a ver com isso.”Sobre ouvir Solange, o relator admite a possibilidade, mas não agora. “Talvez, porque [ela] foi assessora do Delúbio. Mas quem requer tem que dizer o motivo exato do depoimento”, afirmou.O deputado Fruet disse que pretende marcar os depoimentos para os próximos dias. “São duas testemunhas muito relevantes, têm muito o que dizer sobre o que viram e acompanharam.”O advogado de Solange Oliveira, Luiz Bueno Aguiar, contratado pelo PT, disse que sua cliente está à disposição da CPI, mas minimizou seu papel no partido. “Ela é uma funcionária subalterna, de quarto ou quinto escalão, jamais tomou qualquer tipo de decisão. Não é uma pessoa que tenha qualquer voz de comando. Não mantém nenhum contato pessoal com o Delúbio”, disse o advogado.

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