06/12/2005 17h04 – Atualizado em 06/12/2005 17h04
AFP
A quarta audiência do julgamento contra Saddam Hussein terminou nesta terça-feira às 19h50 (14h50 horário de Brasília) em Bagdá em meio a ira do ex-ditador. Saddam mandou o tribunal “para o inferno” por não atender a seus pedidos. A declaração aconteceu quando Saddam se queixou das roupas usadas pelos acusados. “Estão sujas. Não podemos tomar banho ou fumar”. A equipe de defesa pediu o adiamento do processo para permitir que os acusados descansassem e trocassem de roupa, mas o presidente do tribunal, Rizkar Amine, rejeitou a solicitação. Irritado, o presidente deposto expressou sua insatisfação gritando para os presentes: “Vão para o inferno!”. O ex-presidente iraquiano também acusou os americanos e israelenses de quererem sua morte. “Os americanos e os israelenses querem a execução de Saddam Hussein e se sentirão menores do que pulgas se não conseguirem condená-lo”, declarou, falando sempre na terceira pessoa. Durante esta audiência, prestaram testemunhos cinco pessoas, incluindo as duas primeiras mulheres que falaram atrás de uma cortina para não revelar sua identidade. As duas mulheres descreveram sua passagem pela prisão, relatando torturas e maus-tratos. O meio-irmão de Saddam Hussein, Barzan Hassan Ibrahim Al-Tikriti, pediu ao tribunal que “não se fie nas declarações de ignorantes”. “Você quer rejeitar o testemunho que acabamos de ouvir?”, perguntou o presidente, contrariado e incrédulo. “Sim, rejeito”, respondeu. Barzan também criticou outra testemunha, que havia se pronunciado contra os serviços de informação, acusando-a de “não conhecer nada do funcionamento dos serviços de informação” Barzan sentou-se ao fundo do banco dos acusados e não parou de se mexer para pedir a palavra ou interromper as testemunhas. De tempos em tempos, ele brincava nervosamente com os óculos ou levantava os braços para o céu para mostrar sua insatisfação. A quinta audiência do julgamento contra Saddam acontecerá nesta quarta-feira. O ex-ditador iraquiano e sete de seus homens são acusados pelo massacre de 148 pessoas há 23 anos na cidade xiita de Dujail, que teria ocorrido em retaliação a um atentado contra o comboio presidencial na região. Os acusados alegaram inocência, mas podem ser condenados à pena de morte.