01/12/2005 17h04 – Atualizado em 01/12/2005 17h04
Diário de Cuiabá/ Diário MS/Folha do Estado
O cartorário Alceu Soares Aguiar, proprietário do Cartório do 1º Ofício de Dourados, está preso desde terça-feira na Delegacia da Polícia Federal em Dourados acusado de envolvimento com grilagem de terra indígena no município de Colniza (norte de Mato Grosso, a 1.065 km da capital mato-grossense). Aguiar foi preso em Dourados por agentes da Polícia Federal e até a tarde desta quinta-feira permanecia na delegacia em Dourados, aguardando remoção para o Mato Grosso. A prisão foi mantida em sigilo pela delegacia da PF em Dourados. Até agora a Polícia Federal não divulgou detalhes das acusações que são feitas contra o cartorário de Dourados. Outras 27 pessoas também foram presas – a maioria de Mato Grosso. Hoje foi preso o delegado Roberto de Almeida Gil, da Polícia Civil em Cuiabá. Também foram feitas prisões em Rondônia. Policiais federais continuam trabalhando para cumprir os 77 mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal. Há pessoas de Goiás, Santa Catarina, São Paulo e Paraná acusadas de ligação com a grilagem de terra. A investigação foi denominada Operação Rio Pardo e deve ser encerrada hoje. Segundo o jornal “Diário de Cuiabá”, uma equipe da Polícia está na Terra Indígena do Rio Pardo cumprindo a liminar deferida em 9 de novembro pelo juiz federal da 5ª Vara de Mato Grosso, José Pires da Cunha. O juiz determinou a retirada dos ocupantes da área indígena, que são acusados de exploração ilegal de terra da União, formação de quadrilha e genocídio. A investigação é conduzida pelo delegado Denis Cali, da Polícia Federal em Cuiabá. Representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio) acompanham o trabalho. Na terça-feira, as equipes fizeram um sobrevôo na área indígena para mapear os danos ambientais causados pela ação dos grileiros. Segundo a PF, a equipe encontrou 40 serrarias atuando na terra indígena e existem 11 projetos de manejo florestal em desenvolvimento na área. Conforme o jornal mato-grossense, os mandados de prisão temporária foram expedidos para manter a segurança dos índios Tupi Kawahib (conhecidos como “baixinhos”) que, de acordo com denúncia feita pela Funai ao Ministério Público Federal, são vítimas de genocídio e estão sendo acuados por grileiros que têm interesse nas terras. Há cinco anos as terras dos Kawahib vêm sendo invadidas por grileiros, fazendeiros e madeireiros, que estariam sendo incentivados pela Sulmap (Sul Amazônia Madeira e Agropecuária Ltda) e outras empresas da região para a execução de um projeto que tem planejamento para a ocupação de toda a região da área indígena. Em 2001, a Funai começou a avaliar a existência dos índios “baixinhos”. Até agora foram identificados apenas 15 índios dessa etnia em Colniza. Naquele ano, a Funai determinou a restrição do acesso à área onde se encontra a etnia para poder desenvolver ações de aproximação e fazer estudos com o objetivo de conhecer as características do grupo. A Sulmap recorreu à Justiça para contestar o ato administrativo. Na quarta-feira a PF realizou uma operação na região para a retirada das pessoas que ocupam a área indígena. As investigações do inquérito, que começaram há pouco tempo, segundo o delegado Marcos Antônio Farias, ainda devem apurar muitas denúncias sobre a grilagem em Colniza. A PF investiga também o suposto envolvimento de fazendeiros da região na matança de índios, além da exploração ilegal de madeiras e loteamento da área. Conforme a PF, os fazendeiros da região constituíram até a “Associação dos Proprietários Rurais de Colniza”, a qual tem o projeto chamado “Serra Morena”, que estaria promovendo a invasão da área interditada, objetivando a exploração da floresta e a criação de peixes, repartindo 53 mil hectares em lotes rurais de 499 hectares, além de promover a arrecadação de recursos e contratação de pessoas para abrir picadas, demarcar lotes e apagar vestígios da ocupação indígena. Os presos A lista oficialmente divulgada até ontem pela Polícia Federal, do número de presos, contém os seguintes nomes: Gentil Perdoncini, Célio Vasconcelos de Assunção, Mário Soares Brandão, Luiz Humberto Borges, Ilson José Alves de Lima, Wanilton Luiz Alves, Abílio Mateus, Oscar Soares Martins, Arno Antônio Salomoni, Fernanda Luiza Pavedi Bezerra de Menezes, Aguinaldo de Souza Miranda, Nelson Takada, Almir Mesquita de Lima, Renato Pinto, Roseane de Carvalho Barros, Roberto Mateus Tinoco, Agostinho Carvalho Teles, Alceu Soares Aguiar, Alécio jaruchi, Edemar Oliveira, Eudes Manfredini, Helton Maria dos Santos, Luiz Antônio Appi, maria Gislaine Vieira de Souza, Wanderlei Cachiati e Claudinei Corrêa de Almeida.