28/11/2005 09h30 – Atualizado em 28/11/2005 09h30
Midiamax News
O senador Delcídio do Amaral (PT) confirmou que evitou encontrar o deputado federal José Dirceu (PT) na posse da vereadora Thais Helena na presidência do PT de Campo Grande, realizada na sexta-feira passada, para evitar constrangimento e repercussão política ruim. Delcídio explicou que por ser presidente da CPI dos Correios, que investiga e acusa Dirceu de cometer irregularidades, ficaria na situação do “juiz de futebol que comemora junto com um time que está ganhando”. “Hoje eu sou o presidente da CPI que apresentou o relatório parlamentar que incluía o Dirceu. Como eu me comportaria sendo um ato de desagravo para ele?”, disse, comentando que a posse foi transformada em uma homenagem ao deputado alvo de cassação pela Câmara dos Deputados. Delcídio explicou que a imprensa nacional esperava o encontro entre os dois. “Eu encontrei com jornalistas de fora. Todo mundo estava esperando a fotografia, ou alguma filmagem, mostrando que eu estava no evento de sexta-feira. Há um tempo eu tomei café com o Zé Dirceu e levei um ‘pau’ durante uma semana. Foi generalizado. Todos os jornais brasileiros questionaram como o presidente da CPI estava com um acusado. Tenho que tomar muito cuidado. Qualquer ato, qualquer palavra minha, pesa no contexto. Hoje estou numa situação que a gente não pode brincar”, explicou, ao programa Tribuna Livre. Pré-campanha ao Governo Delcídio não comentou o fato de que na posse da nova presidente do PT da Capital também estava previsto o “lançamento” da pré-candidatura dele ao governo do Estado. Mas garantiu que a candidatura é “irreversível” e que só não disputará o governo “se Deus não quiser”. O senador criticou os aliados que tentam apressar o trabalho dele na disputa pelo governo. Os presidentes do PDT e do PL (João Leite Schimidt e Londres Machado, respectivamente), além do próprio governador Zeca do PT, já cobraram uma postura mais agressiva com relação à 2006. “Devagar com o andor que o santo é de barro. Eu tenho impressão que é natural essa angústia, até porque tem um candidato que já está andando. O André [Puccinelli – PMDB] não tem atribuição formal maior. E por isso começam as pressões. Eu vou andar na rua com propostas, discutindo as emendas, trabalhando efetivamente os recursos que estão sendo colocados aqui, dizer que valeu a pena trabalhar com Lula”, disse. O senador também criticou, indiretamente, o trabalho realizado por Puccinelli, que já teria percorrido 80% do Estado em pré-campanha. “Eu não preciso ser pautado por ninguém. É engraçada essa angústia de ‘tem que definir’ [candidatura por causa de André]. Nós temos que trabalhar. Tivemos um ano de poucas realizações em MS em 2005. Eu não vou sair como qualquer maluco, falando abobrinha, mentindo adoidado”, disse.