10/11/2005 10h58 – Atualizado em 10/11/2005 10h58
Forum Sindical MS
Os pesados juros de 2% ao mês estão impedindo a decolagem do programa “Computador Social” (Programa Cidadão Conectado – Computador para Todos, uma ação do governo federal para promover a inclusão digital no Brasil). Além disso o governo, que poderia dar algum incentivo, reduzindo a pesada carga tributária (IPI, ICMS, etc.) incidente sobre os computadores, não tomou nenhuma providência nesse sentido. Isto acirrou ainda mais as críticas ao programa por parte de entidades sindicais que integram o Fórum Sindical dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul – FST/MS.A entidade, que integra 165 sindicatos e federações no Estado e representa mais de 1 milhão de trabalhadores, está encaminhando ofício à Caixa Econômica Federal pedindo a redução dos juros para, no máximo, 10% ao ano. Caso contrário, o dinheiro que deveria ser destinado à compra dos computadores (até R$ 1.400,00 por financiamento) , ficará nos cofres do banco pois os trabalhadores não irão se aventurar em pagar caro por esse recurso. O presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio de Mato Grosso do Sul, João Spontoni, um dos coordenadores do FST/MS, disse que enquanto o governo federal faz propaganda nacional sobre um programa social de compra de computador, com juros de 2% ao ano, revendedoras de veículos em Campo Grande e em outros grandes centros, oferecem financiamentos a 0,99% de juros ao mês, ou seja, mais de 50% menor que os juros oferecidos pelo governo para um programa “social”.Sindicalistas estão sendo procurados por trabalhadores para reclamar ou se informar sobre esse programa do governo. As entidades não aconselham tomar esse dinheiro porque além do valor alto do computador hoje no mercado os juros somam mais de 24% ao ano.- O governo se esquece que no Brasil, 75% dos trabalhadores ganham salário mínimo. Muitos, até menos que isso, como no caso da região Nordeste do País. Afirmou o coordenador geral do fórum, José Lucas da Silva. Ele lembra que as pessoas mal conseguem se alimentar ganhando o salário mínimo, quanto mais comprar um computador no valor acima de R$ 1.400,00 pagando juros mensais de 2%. “Não dá”, insiste. Muito embora ele seja extremamente favorável a esse instrumento em cada lar, especialmente onde existem jovens e crianças. “Não dá também para pensarmos em termos de crescimento do aprendizado e profissional sem o computador”, diz. O advogado e professor Ricardo Froes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Particular do Estado de Mato Grosso do Sul, e coordenador do FST, reforça essa idéia. O computador, segundo ele, é, de fato, extremamente necessário para todas as famílias. No entanto, o governo deveria ser mais sensível e ajudar nesse processo, reduzindo a carga tributária incidente sobre esses aparelhos para que aqueles, destinados ao programa “computador social”, cheguem mais baratos às lojas, facilitando assim, sua compra. A redução, ou isenção dos juros da Caixa, para o financiamento desse programa, também é defendida pelo professor e advogado. Estevão Rocha, líder sindical e membro do fórum, também defende uma revisão do programa pelo governo. Para ele, o computador é uma realidade não só no Brasil mas em todo o mundo. O acesso à informação, à pesquisa e ao conhecimento, são benefícios comuns hoje obtidos através desses instrumentos que deveriam fazer parte de todos os lares, especialmente dos assalariados.