30/09/2005 17h07 – Atualizado em 30/09/2005 17h07
Reuters
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou nesta sexta-feira ter desistido de se filiar a um partido político neste momento, o que o impedirá de disputar as eleições do ano que vem. A decisão, segundo Meirelles, foi tomada em atenção a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Gostaria de anunciar que não vou me filiar a nenhum partido político porque entendo que o momento não é oportuno para o país”, afirmou Meirelles em entrevista coletiva à imprensa de Goiás. O presidente do BC disse ter sido convidado por “diversos partidos” a se candidatar ao governo de Goiás em 2006. “No entanto, avaliando com cuidado, entendi que é incompatível a filiação a um partido político com a posição de autoridade monetária do país.” Eleito deputado em 2002 pelo PSDB, Meirelles renunciou ao mandato e se desfiliou do partido para assumir o comando do BC no início do governo Lula. Neste fim de semana se encerra o prazo para que candidatos às eleições de 2006 se filiem a partidos. Ao longo da semana, o ex-executivo do Bank Boston avaliou convites do PSB, PTB e PMDB, segundo informou à Reuters uma fonte do governo. “O presidente da República me fez um pedido ontem à noite, me fez uma sugestão de não me filiar a nenhum partido no sentido de não prejudicar a economia”, afirmou Meirelles, acrescentando que o ministro da Fazenda Antonio Palocci também fez coro com o presidente. Segundo o presidente do BC, nas conversas com Lula não foi cogitada a possibilidade de ele renunciar ao cargo caso optasse pela filiação partidária. “A economia brasileira vive um momento importante, concluí que há momentos em que questões do país são mais importantes. Precisamos continuar à frente do Banco Central para levar adiante a política de estabilidade econômica e de crescimento sustentável.” Meirelles acrescentou que a decisão de desistir de uma possível candidatura foi “difícil”, mas que ele estava anunciando a notícia “com tranquilidade de senso de cumprimento do dever”. “O Brasil precisa de desprendimento, o que importa é manter a economia em ordem.”