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sexta-feira, 18 de julho de 2025

Presas do Rio fundam escola de samba em penitenciária

07/01/2005 14h00 – Atualizado em 07/01/2005 14h00

IG

Depois do concurso miss penitenciária e do jornal “Só Isso”, as detentas da Penitenciária Talavera Bruce, em Gericinó, vão ter também uma escola de samba. As 20 presas que fazem parte do curso de percussão, ministrado dentro da penitenciária por mestre Faísca do Grêmio Recreativo Império Serrano, fundaram nesta sexta-feira o Grêmio Recreativo Escola de Samba “Só Isso”.
A primeira apresentação das percurssionistas foi nesta manhã, durante o lançamento da quarta edição do jornal “Só Isso”, totalmente produzido por elas.

“Tenham certeza que através da música e da cultura, vocês terão uma oportunidade ainda maior de inserção à sociedade ao término de suas penas. O Carnaval é uma festa que cresce cada vez mais e recruta um número cada vez maior de pessoas especializadas no assunto, desta forma, mercado não irá faltar pra vocês quando saírem daqui em liberdade”, disse mestre Faísca.

As aulas de percussão especializadas em samba serão ministradas até o Carnaval. Após este período, será a vez do hip hop, música afro e, finalizando, o funk. Além da percussão, está sendo trabalhada na unidade também a composição de músicas, letras e melodias.

Com uma tiragem inicial de 600 exemplares e periodicidade bimestral, o jornal “Só Isso”, que contém oito páginas em formato “tablóide”, chegou na quarta edição com tiragem recorde de dois mil exemplares. O jornal traz informações sobre higiene pessoal, assistência jurídica, além de espaço para religião, educação, cultura, esporte e poesias.

“Todo o processo de produção do jornal, os textos, as poesias, os desenhos e até as fotos, são feitos pelas internas. Apenas as informações referentes à saúde e à parte jurídica é que são repassadas ao jornal pelos médicos e advogados que trabalham na unidade”, explicou o diretor, Marcos Pinheiro.

Atualmente, as internas Sabrina Hangel, de 29 anos; Lila Mirtha, de 48 anos; Luisa Ferreira, de 25 anos e Ana Paula Medeiros, de 37 anos são as responsáveis respectivamente pela edição, redação, publicidade e ilustrações do jornal. O objetivo é poder interligar todas as detentas da penitenciária através da informação.

No início, elas utilizavam uma máquina de escrever, disponibilizada pelo setor de educação da unidade e só depois de um tempo, conseguiram um computador para facilitar a elaboração dos textos, assim como uma máquina fotográfica simples. Os equipamentos ficam sob a responsabilidade da direção da penitenciária e sua utilização é devidamente acompanhada por funcionários da mesma. Outro problema enfrentado era como imprimir os trabalhos desenvolvidos, já que não contavam com a impressora.

Através da ONG Viva Rio, um empresário tomou conhecimento do projeto e decidiu patrocinar a impressão, diagramação, produção editorial, revisão e as outras diversas etapas para a publicação do jornal.

Disponível gratuitamente para as 300 internas que cumprem pena na unidade e aos seus respectivos parentes, o jornal terá circulação extensiva às outras unidades prisionais femininas do sistema: o presídio Nelson Hungria, também em Gericinó, e a Casa de Custódia de Magé.

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