23/12/2004 14h01 – Atualizado em 23/12/2004 14h01
Reuters
Cientistas licenciados para tratar de assuntos de alta segurança se reunirão no terceiro trimestre de 2005, em uma sala de controle a leste de São Francisco (EUA) para assistir ao maior esforço da história da supercomputação. Usando uma máquina capaz de realizar 360 trilhões de cálculos por segundo, os cientistas do Lawrence Livermore National Lab simularão em três dimensões a explosão de uma bomba nuclear antiga.
O vídeo curto e altamente detalhado criado como resultado da simulação conduzida pelo mais rápido computador do mundo tentará ilustrar de que maneira mísseis produzidos na era do presidente Nixon (1969-1974) funcionariam hoje. “Meu trabalho… é garantir que as armas nucleares que temos em nossos arsenais sejam seguras e confiáveis”, disse Bruce Goodwin, diretor associado de tecnologia nuclear e de defesa. “Segurança quer dizer que elas jamais explodirão a não ser que instruídas a fazê-lo, e confiabilidade quer dizer que, caso o presidente um dia precise utilizar uma dessas armas, elas funcionem exatamente como se espera”, acrescentou.
Os Estados Unidos dispõem de cerca de 10 mil ogivas nucleares, como instrumento de dissuasão contra qualquer ataque. Washington suspendeu os testes nucleares reais norte-americanos em 1992, um ano depois do colapso da União Soviética, e assinou o Tratado Abrangente de Proibição de Testes Nucleares em 1996. A proibição significa que uma grande sala sem janelas em Livermore está se tornando o principal campo de testes para garantir que as armas nucleares produzidas décadas atrás não tenham desenvolvido defeitos fatais.
Em uma sala de cerca de metade do tamanho de um campo de futebol, o Blue Gene/L funciona com uma série de gabinetes de 1,80 metro interconectados, cada qual com 16 módulos dotados de imenso poder de computação. A primeira parte do BlueGene, construído pela IBM, se tornou operacional na metade de dezembro, com capacidade de 90 trilhões de cálculos por segundo, e o restante do projeto deve estar pronto em abril.
Mesmo com a velocidade final de 360 trilhões de cálculos por segundo, a simulação vai demorar de dois a quatro meses, disseram funcionários do laboratório. O mesmo cálculo demoraria 60 mil anos, se realizado com a tecnologia disponível há uma década.






