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domingo, 8 de junho de 2025

Desocupados ocupam hospital fechado

29/10/2004 08h32 – Atualizado em 29/10/2004 08h32

A Tarde online

As dependências do Hospital Maria Goretti, que faliu e fechou há cerca de quatro anos, em Itabuna, está servindo de abrigo para ladrões e consumidores de drogas, denunciam moradores vizinhos ao prédio. O imóvel, que ocupa uma quadra em área nobre, no limite entre os bairros Zildolândia e Mangabinha, está totalmente depredado.

Eles alegam que a insegurança tomou conta do local, porque os desocupados entram a qualquer hora no prédio, praticam desordens, inclusive com participação de menores. À noite o problema se agrava, porque não há iluminação e os assaltos são freqüentes, por isso as pessoas evitam sair ou chegar em casa mais tarde. “É preciso identificar quem são os donos, para exigir que tomem providência”, diz uma moradora, que não quis se identificar.

Segundo ela, parte do imóvel já foi destelhada, e daí passam para as casas vizinhas. “Meu maior receio é acordar à noite com minha casa arrombada e dar de cara com um ladrão”, diz ela. Nas ruas próximas, ninguém se atreve a viajar e deixar a casa sozinha, com medo de voltar e não encontrar nada.

Altino Santos Barreto, funcionário do hospital há 26 anos, disse que, desde que fechou, ninguém toma conta do local. Ele mora e vigia o prédio anexo, que ficou semiconstruído com a falência do hospital. Altino diz que muitos equipamentos foram roubados e os malandros continuam levando coisas. A polícia de vez em quando passa na área e chegou a prender algumas destas pessoas, inclusive crianças, que foram levadas para o Conselho Tutelar.

DÍVIDAS – O Maria Goretti foi fundado há 30 anos, por médicos, ligados à Sociedade Médica de Itabuna (Samec), gestora do hospital. Um dos sócios, que não quis se identificar, disse que “o hospital fechou em 2001, porque não conseguiu quitar débitos com impostos e ficou de fora da licitação para continuar credenciado pelo SUS, que repassava por mês R$ 80 mil, sua maior fonte de renda”. O presidente da Samec, José Carlos Mastique de Castro, várias vezes procurado para falar sobre o fato, não deu retorno às ligações.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde de Itabuna e Região (Sintesi), Raimundo Santana, disse que o fechamento do hospital desempregou 70 pessoas, que cobram na Justiça direitos trabalhistas. Segundo o sindicalista, “o prédio foi a leilão, mas não houve arremate”.

Santana afirma que o Maria Goretti foi vítima de mau gerenciamento e acabou fechando por causa dos sucessivos bloqueios de renda para pagar ações trabalhistas. “Eles demitiam os funcionários e não queriam pagar os direitos trabalhistas”, acusa ele, acrescentando que se fosse por causa de dívidas com impostos outros hospitais da cidade também já teriam fechado.

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