18/10/2004 09h06 – Atualizado em 18/10/2004 09h06
Dourados News
Duas fotos inéditas divulgadas ontem pelo jornal Correio Braziliense trazem à tona novas evidências sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog no DOI-Codi, em São Paulo, em 1975. Elas mostram Herzog nu, sentado e com o rosto escondido, o que reforça a tese de que o jornalista foi torturado e humilhado antes de ser morto, ao contrário da informação oficial de que ele teria se suicidado. “É ele mesmo”, confirmou Clarice Herzog, viúva de Vladimir, ao Correio. “É horrível vê-lo assim, sofrendo tanto constrangimento.”
Diretor de jornalismo da TV Cultura e filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), Herzog compareceu à sede do DOI-Codi no dia 24 de outubro de 1975 para prestar esclarecimentos sobre suas atividades políticas. No dia seguinte, o Exército divulgou a informação de que ele havia se suicidado, por enforcamento. Na única imagem conhecida até agora, Herzog aparece já morto.
Segundo o jornal, as fotografias foram entregues pelo ex-cabo do Exército José Alves Firmino à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Firmino era araponga que, sentindo-se desprestigiado pelo Exército, conseguiu documentos nos arquivos do Comando Militar do Planalto e os encaminhou à Comissão. O jornal divulgou também um relatório em que o Exército admite que até o dia 30 de setembro de 1975 47 militantes presos pelo Doi-Codi haviam morrido.