30/09/2004 08h16 – Atualizado em 30/09/2004 08h16
Diário MS
Os agricultores da região de Dourados ainda avaliam sobre o que plantar nesta safra. A estabilidade do preço da soja no mercado internacional (US$ 10) e o aumento do custo de produção e os fatores climáticos pesam na decisão. Mesmo assim, os técnicos entrevistados ontem pelo Diário MS, acreditam que será cultivada com a soja área semelhante ou até maior que a do ano passado. Além da soja, os produtores tem a opção de plantar milho, sorgo ou pastagem.
O plantio começa em Mato Grosso do Sul no dia 15 de outubro. Os produtores estão finalizando o preparo do solo. A Embrapa Agropecuária Oeste tem previsão de chuvas para o dia 8 de outubro. Caso a previsão se confirme, o plantio deve começar na época certa, segundo Euclides Maranho, analista de agronegócio. Sobre a regularidade das chuvas durante a safra, o consultor diz que não há como prever nada.
É justamente o comportamento do clima que mais preocupa os agricultores. Ano passado, 60% da soja foi perdida na região sul do Estado em função da seca. O economista Leonardo Mussury, professor da Unigran, acha que uma nova perda nesta safra pode provocar grande crise na região, porque o produtor está descapitalizado.
O economista, acha que a descapitalização pode forçar o agricultor a usar baixa tecnologia, principalmente reduzindo a quantidade de adubação. Isso pode agravar as perdas no caso de estiagem. Um outro problema apontado por Mussury é a restrição de crédito. Muitos produtores, segundo ele, estão inadimplentes com as multinacionais, fornecedores de fertilizantes e defensivos.
Para reduzir custos, o engenheiro agrônomo Humberto Dauber sugere um bom planejamento técnico. Segundo ele, um bom monitoramento de pragas e ervas daninhas pode reduzir aplicações de agrotóxicos, reduzindo bastante o custo de produção.
Os técnicos também acham que, motivados pela necessidade de redução de custos, os agricultores da região podem apelar para a soja transgênica. Mussury acredita que grande parte da área plantada este ano na região será com sementes geneticamente modificadas, que possibilita a redução de 20% no custo de produção.
Mas, segundo Dalber, a redução de custos com o emprego da planta trangênica, só ocorre em áreas de alta densidade de ervas daninhas. É o caso de áreas onde havia pastagens. “As pessoas não devem plantar transgenicos só porque estão na moda”, lembra. Os técnicos também chamam a atenção para o fato de que não existem cultivares desenvolvidas especificamente para o clima e solo da região.
CUSTOS
Segundo cálculos do economista Leonardo Mussury, o custo de plantio de um hectare de soja deve variar entre R$ 1,2 a R$ 1,5 mil, na região, o que equivale hoje a 30 sacas de soja, vendidas a R$ 35. Ano passado, o custo girava em torno de 20 sacas por hectare. O aumento de custo de produção passa de 30%, na avaliação dos economistas.
Por outro lado, segundo Mussury, o preço da soja deve se manter na média histórica, ou seja, variando de US$ 9,5 a 10. Isto porque, segundo ele, os EUA devem mais uma vez colher uma safra recorde de 88 milhões de toneladas e a produção da soja brasileira também deve crescer entre 7 e 10%, provocando mais oferta do produto no mercado.
O Estado que deve aumentar a produção é o Mato Grosso, onde o próprio governo federal está incentivando o plantio. Mussury acha normal essa tendência do governo de incentivar a produção de soja, uma vez que o produto tem ajudado de forma especial a melhorar o superávit da balança comercial.