30/09/2004 09h04 – Atualizado em 30/09/2004 09h04
Terras MS
O governo russo aprovou a ratificação do Protocolo de Kioto hoje (30), e o apresentará ao Parlamento da Rússia, país cuja adesão ao tratado o fará vigorar de forma automática.
Os países que ratificaram o protocolo até o momento produzem 44,2% dos gases tóxicos que destroem a camada de ozônio e provocam o efeito estufa, com o conseqüente aumento da temperatura do planeta.
Com a adesão da Rússia, que emite 17,4% dessas dioxinas, ficariam superados os 55% requeridos para que o tratado passe a valer no mundo todo.
O vice-primeiro-ministro russo Alexandr Zhúkov, que presidiu a reunião do gabinete na ausência do chefe de governo, Mikhail Fradkov, disse que nos próximos três meses será elaborado o plano de ação para o cumprimento dos compromissos previstos no tratado, que faz parte do Convenção Marco da ONU sobre Mudança Climática.
O debate no governo foi seguido de acaloradas discussões, que dividiram os ministros em partidários e contrários à ratificação do documento, que a Rússia, junto com mais de 180 países, assinou em 1987.
“As discussões sobre a argumentação científica do Protocolo de Kioto podem durar tanto quanto o tempo que a ciência existe”, disse Victor Khristenko, ministro da Indústria e Energia.
Ele acrescentou que pessoalmente é cético quanto à ratificação do tratado, tanto por razões políticas quanto por motivos econômicos.
No entanto, “o Protocolo de Kioto supõe a criação de um novo setor no mercado global, interessante e promissor”, acrescentou o ministro, em referência à venda de cotas de emissões de gases causadores do efeito estufa, regulada pelo tratado.
Por sua vez, Fradkov, que está de visita em Haia e que antes já se manifestou contra a ratificação, disse à agência oficial russa Itar-Tass que “as discussões sobre se a ratificação tem sentido continuarão na Duma (Câmara dos Deputados)”.
“O debate está aberto e seguramente as discussões na Duma não serão simples”, acrescentou.
Já o vice-ministro de Assuntos Exteriores, Yuri Fedotov, destacou que a renúncia da Rússia em ratificar o Protocolo de Kioto “poderia acarretar tanto perdas políticas quanto econômicas”.
Até março de 2004, 121 países tinham ratificado Protocolo.