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quinta-feira, 1 de maio de 2025

Argentina e Brasil chegam a acordo sobre fogões

30/09/2004 11h04 – Atualizado em 30/09/2004 11h04

ABN

Após dois dias de intensas reuniões em Buenos Aires, Brasil e Argentina chegaram nesta quarta-feira a um acordo para o comércio de fogões brasileiros na Argentina, com os argentinos prometendo estudar a contra-proposta brasileira de aumentar em 10 mil a cota atual de 90 mil fogões para este semestre e o próximo, em 2005.

O impasse comercial entre os dois países, porém, foi mantido nos setores de geladeiras, sapatos e máquinas de lavar roupa.

O tamanho do mercado argentino de consumidores, num momento em que a economia do país vizinho cresce a um ritmo superior aos 7%, é a base das diferenças entre empresários e autoridades do Brasil e da Argentina.

Para o Brasil, como chegou a reconhecer o secretário de Comércio do Ministério da Indústria e Comércio, Ivan Padilha, esse mercado é maior do que sugerem os números argentinos.

O temor brasileiro, disse ele, é que as disparidades acabem abrindo espaço para que a Argentina importe produtos de outros mercados, fora do Mercosul.

“O mercado argentino cresceu muito. A indústria do país está trabalhando com toda a sua capacidade. E nossa preocupação é que não ocorra um desvio de comércio”, afirmou o secretário.

Na opinião dos negociadores brasileiros, a Argentina conta, este ano, com um mercado para a venda de 565 mil geladeiras. Mas os argentinos acham que esse número limita-se a 260 mil e pretendem impor uma cota, restringindo as vendas brasileiras do produto.

O Brasil sugeriu vendas de 310 geladeiras, mas não se chegou a esse acordo. Foi criado, então, um grupo de estudos para avaliar o tamanho real deste mercado, especificamente.

O resultado sairá nos próximos trinta dias, e uma nova reunião será realizada no dia seis de outubro, em Brasília. Os dois lados pretendem definir, pelo menos, quantas geladeiras brasileiras serão enviadas para a Argentina no último trimestre deste ano.

No caso das máquinas de lavar roupa, o Brasil estima um mercado de 424 mil consumidores argentinos. Os argentinos, por sua vez, falam em 140 mil produtos.

O Brasil sugere, então, uma exportação anual de 191 mil lava-roupas. Em todos os casos, incluindo fogões, geladeiras e máquinas de lavar roupa, a iniciativa privada brasileira entende que os números já estão defasados, já que a Argentina cresce a um ritmo maior ao estimado no início do ano.

Sapatos

Com a aproximação do verão, o debate sobre o número de sapatos brasileiros vendidos para a Argentina se tornou um clássico, pois é nessa época que costuma aumentar a venda, principalmente de sandálias de borracha. “Do lado brasileiro temos a visão de que não invadimos o mercado argentino”, disse o secretário Padilha.

“Este ano as exportações do Brasil para cá estão crescendo, mas ainda é uma recuperação parcial frente ao que o Brasil já vendeu para a Argentina no passado”, afirmou.

Até setembro deste ano, as exportações brasileiras de calçados chegaram a nove milhões de pares, de acordo com o secretário. A expectativa do lado do Brasil é de que esse número fique em torno dos 12 milhões de pares este ano, dentro do combinado informalmente com os argentinos.

Em 2001, esse total de exportações foi de 21 milhões. Argumento que vem sendo usado para tentar ampliar essa vendas ao país vizinho. Para tentar minimizar as diferenças nesse setor, os principais empresários brasileiros do ramo, incluindo os da Grandene e da Vulcabrás, reuniram-se, nessa terça-feira, com o secretário de Indústria da Argentina, Alberto Dumont.

“Há disposição dos dois lados para continuar conversando sobre o assunto”, contou o secretário Ivan Padilha. Nessa quinta-feira a discussão será sobre a barreira tarifária de 21% impostas aos televisores fabricados na Zona Franca de Manaus.

Os três dias de reuniões entre empresários brasileiros e argentinos, com a participação de autoridades dos dois países, é um capítulo a mais na disputa comercial desatada em julho deste ano, quando o governo argentino impôs medidas protecionistas a estes produtos da chamada “linha branca” (eletrodomésticos). (Marcia Carmo/bbc)

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