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17/08/2004 08h32 – Atualizado em 17/08/2004 08h32

Problemas no escoamento da safra diminuem a margem de lucro do produtor brasileiro. A falta de investimentos em infra-estrutura de logística pode comprometer a competitividade da produção de grãos no Brasil. Segundo especialistas do setor, o gargalo no escoamento vai fazer com que, na próxima colheita, 25% do preço da soja no Centro-Oeste seja gasto com frete. Além disso, de acordo com estudos, o avanço da fronteira agrícola, o crescimento das exportações de grãos em geral e a falta de alternativa de roteiros para o transporte do produto ao porto pode se tornar um entrave às vendas externas, prejudicando até os agricultores que estão próximos aos locais de escoamento.

Estudos mostram que boa parte do ganho que o agricultor consegue em termos de redução de custos dentro da porteira é perdido no escoamento da safra. O principal problema é o uso primordial do modal rodoviário em detrimento de outras alternativas de transporte.

Segundo levantamento do economista Carlos Eduardo Cruz Tavares, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a soja cultivada em Mato Grosso fica 20% mais cara que a do Paraná, por causa dos gastos para o desenvolvimento da cultura, com fertilizantes e a utilização intensiva de máquinas e implementos agrícolas. O estudo mostra também que a margem de lucro do agricultor matogrossense dentro da fazenda é metade da obtida pelo do Paraná e dos Estados Unidos, devido aos baixos preços pagos pelo grão daquele estado.

“O modo rodoviário faz com que os produtos do Mato Grosso percam todo o ganho obtido no sistema produtivo, com a utilização de tecnologia moderna e baixo custo da terra”, afirma Tavares. No Brasil, as rodovias respondem por 67% do transporte de grão. Nos Estados Unidos, este modal é responsável por 16% do escoamento, enquanto as hidrovias respondem por 61% (contra 5% no Brasil).

Outro problema enfrentado pelos produtores de grãos no Centro-Oeste é a falta de armazenagem. De acordo com o professor José Vicente Caixeta, da Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), isso faz com que o agricultor tenha que escoar mais rapidamente o produto.

Segundo o estudo, enquanto nos Estados Unidos os custos de produção são mais altos (US$ 203,5 por tonelada), os preços obtidos por aqueles agricultores são maiores, fazendo com que a margem de lucro seja de 40%, semelhante a do Paraná. Por isso, teoricamente no Brasil, a soja seria mais rentável no Paraná, só que não há mais disponibilidade de terras naquele estado – que são caras. O levantamento do economista mostra que o custo de produção no Paraná é de US$ 145 por tonelada, para US$ 174 por tonelada em Mato Grosso.

No entanto, a pesquisa também demostra que o agricultor do Paraná perde competitividade quando o produto chega ao porto de Paranaguá. Segundo Tavares, prêmios (diferença entre o preço da bolsa de Chicago e do local embarcado) negativos estão sendo exercidos em razão de complicações na recepção, estocagem, expedição e atracamento dos navios. Este porto responde por 35% das exportações do complexo soja. De acordo com o economista, até os produtores do Paraná podem perder competitividade se o problema com o escoamento não for resolvido, pois passa por Paranaguá boa parte da safra brasileira.

Para Luiz Antônio Fayet, consultor da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os gargalos no porto de Paranaguá estão comprometendo a rentabilidade do produto, causando um sobrecusto de US$ 7 por tonelada. E para a safra 2004/05 as previsões de Fayet são alarmantes: com o crescimento da produção mundial, a tendência é de os preços de soja caírem. Como os custos com frete têm aumentado, a margem do produtor diminuiria.

Na safra passada, o frete abocanhou 15% do ganho do produto. De acordo com o consultor, houve uma alta superior a 15% nos preços praticados pelo frete devido às precariedades no deslocamento dos produtos. “Nossa soja tem maior produtividade e custo menor, mas perdemos por ineficiência logística”, conclui. Para ele, os custos do frete poderão absorver toda a lucratividade do produtor de grãos do Centro-Oeste, que está mais distante do porto.

Na avaliação de Tavares, é preciso que o País invista em formas alternativas de deslocamento dos grãos, como as hidrovias – recomendadas para deslocamento de grandes distâncias. “Um dos principais problemas da competitividade brasileira é a matriz de transportes”, avalia Caixeta. O professor da USP também acredita que o País precisa buscar alternativas economicamente viáveis para escoar a produção de grãos, citando o uso da Ferronorte e da hidrovia do Madeira.

Segundo Caixeta, o frete pode custar inicialmente até 30% do valor da carga. Mas o preço pode variar, pois há no País muitas rodovias ruins e boa parte das estradas vicinais não é pavimentada, principalmente no interior do País.

Fonte:Gazeta Mercantil

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