05/08/2004 08h23 – Atualizado em 05/08/2004 08h23
A redução de cerca de 30% nas cotações do algodão nos últimos quatro meses em Mato Grosso está sendo considerada pelo setor mais acentuada do que o esperado para o momento de colheita, quando tradicionalmente os preços caem pelo excesso de oferta. “Aqui na região há um empate entre preço da arroba e o custo de produção”, aponta o produtor de Campo Novo dos Parecis (397 quilômetros de Cuiabá), Odenir Ortolan.
Em função da reação mais severa do mercado internacional, os cotonicultores ainda não arriscam números para projeção da safra 04/05.
O produtor explica que nesta região o preço da arroba, há quatro meses, era de até R$ 60 e que atualmente não passa de R$ 47. “Acredito que a redução do câmbio e o momento de colheita são fatores que explicam os atuais valores das cotações”.
Ortolan destaca também, que alguns produtores que fizeram vendas antecipadas estão com uma liquidez melhor, “mais ou menos, entre 20% e 30% da produção de cada cotonicultor está travada em preços maiores. Quem puder segurar a pluma, vai esperar por melhores cotações até o final deste semestre”, observa.
Outro problema que está pressionando os preços é que com a baixa do dólar, fica mais fácil para as indústrias nacionais a importação do algodão, “e com este comportamento, força-se ainda mais o preço do produtor”, salienta.
O presidente do Núcleo Norte da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), José Augusto Áscoli, a baixa é resultado da adequação do mercado a super safra brasileira. “A previsão era de uma colheita de 1,1 milhão de toneladas (t) de algodão em pluma, e as avaliações preliminares de andamento de colheita indicam que os números deverão chegar a 1,2 milhão de t”, argumenta.
Áscoli explica também que o algodão é um produto que se dilui ao longo do ano e que “os preços vão evoluir positivamente”, acredita.
O presidente do Núcleo Centro da Ampa – região que concentra grandes municípios produtores como Campo Verde – Benjamin Zandonade, a redução não é nada alarmante, “pelo menos no meu ponto de vista”. Ele explica que antes da safra pagava-se na região entre R$ 57 e R$ 58 e agora são R$ 10 a menos, “os valores pagos são livres para o produtor”, aponta. Zandonade frisa que há uma pressão baixista normal durante a colheita, trabalho que no Estado se estende até o final de agosto e o beneficiamento deve continuar até meados de outubro.
Em todo Estado foram semeados na safra 03/04, 410 mil hectares (ha) e a expectativa da Ampa é somar uma produção de 560 mil t de pluma. O Brasil deverá exportar cerca de 450 mil t de pluma e Mato Grosso 350 mil t, ou cerca de 70% da produção estadual.
Fonte:Diário de Cuiabá




