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quinta-feira, 19 de junho de 2025

Papa dirá a Bush que guerra é “equivocada”

13/05/2004 14h50 – Atualizado em 13/05/2004 14h50

O papa João Paulo 2º vai reiterar ao presidente americano, George W. Bush, a quem receberá no Vaticano no dia 4 de junho, que sua política no Iraque e no Oriente Médio é “equivocada”, afirmou nesta quinta-feira o cardeal Pio Laghi, colaborador do pontífice.

“Como ficar [no Iraque] se os abusos de que se fala nos perseguem? As forças presentes no Iraque não devem estar sob as ordens dos Estados Unidos e sobretudo não devem dar a impressão de que é assim”, declarou Laghi, amigo da família Bush, em uma entrevista ao jornal “Il Corriere della Sera”.

“Deve ser organizada uma presença multinacional que não esteja subordinada a quem quis e conduziu a guerra”, disse Laghi, que foi enviado no ano passado pelo pontífice para tentar convencer o presidente Bush a desistir da guerra.

O papa João Paulo 2º se opôs obstinadamente à intervenção militar americana no Iraque, considerando que poderia desencadear uma guerra de religião entre Oriente e Ocidente, cujas repercussões seriam muito graves.

“Amo os Estados Unidos e não imaginava uma loucura assim. Estou consternado”, afirmou Laghi ao falar dos abusos e maus-tratos infligidos a prisioneiros no Iraque.

O cardeal disse que o papa advertirá a Bush “que a atual política dos EUA não leva ao respeito dos direitos humanos no Oriente Médio”.

“Deve ser criado um clima de compreensão cultural nesse mundo tão difícil para nós, o que não têm feito os norte-americanos”, afirmou.

“Bombardear mesquitas, entrar nas cidades santas, colocar mulheres soldados em contato com homens nus mostram uma tal incompreensão do mundo muçulmano que me deixa surpreso”, declarou Laghi.

“Devem ser construídas pontes até o islã, não fossas”, disse.

João Paulo 2º mostrará a Bush sua posição, que se baseia na idéia de que “a luta contra o terrorismo não pode ser somente repressiva e punitiva, mas deve partir da eliminação de suas causas, que é a injustiça”, afirmou.

O papa receberá pela primeira vez depois da guerra no Iraque o presidente dos EUA. João Paulo 2º e Bush já se reuniram durante três vezes.

“Não creio que a visita tenha sido organizada por causa das eleições presidenciais americanas.”

“Se se atravessava um momento difícil para se reunir com o papa, era este. Bush insistiu, creio que até duas vezes e ao final modificou sua agenda para poder ser recebido”, declarou Laghi.

Bush antecipou em várias horas sua viagem a Roma para poder se reunir em 4 de junho no Vaticano com João Paulo 2º, que viajará no dia seguinte à Suíça. Será a primeira viagem do papa ao exterior em nove meses.

Fonte: Agora MS

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