12/05/2004 10h34 – Atualizado em 12/05/2004 10h34
Três Lagoas foi a primeira cidade do Estado a ser vítima da Leishmaniose Viceral. O fato deixou a população preocupada por alguns anos, já que a doença parece que chegou para ficar. A Gerencia de Saúde confirmou a morte de um idoso de 83 anos, vítima de leishmaniose na semana passada. O idoso era morador do bairro Santa Luzia e estava em fase de tratamento. A gerência prefere não divulgar o nome da vítima a fim de preservar a família.
Segundo o coordenador de endemias, Duílio Aparecido Dias, a doença voltou a preocupar as autoridades da área de saúde, já que em 2.004 as pessoas com leishmaniose extrapolou os números de casos do mesmo período do ano passado. Durante os quatro primeiros meses desse ano foram 14 pessoas infectadas com Leishmaniose, sendo que em todo o ano de 2.003 foram 29 casos positivos, com quatro mortes.
Dias explicou que está preparando, em conjunto com a Gerência de Obras, um novo mutirão nos bairros da Cidade, como foi realizado em 2.002. “A intenção é estar limpando os terrenos, canteiros e trabalhar novamente com a conscientização da comunidade, já que a população é a maior responsável pela proliferação da doença”. Dias informou que mais de 60% do interior das residências não estão sendo pulverizados pelos agentes devido à resistência dos moradores.
Os bairros com prioridade para o mutirão serão a Explanada da NOB, Santa Luzia e Vila Haro, que segundo Dias são os bairros com alta incidência da doença.
DADOS
Em 2.002, o ano em que a doença realmente estourou em Três Lagoas, foram registradas 92 pessoas vítimas de leishmaniose, com cinco mortes. Em 2.001 foram cerca de 40 casos confirmados e 3 mortes. O coordenador confirmou também uma morte no ano de 2.000.
Segundo Dias, a pulverização na Cidade continua. “Já pulverizamos metade da Cidade, mas ainda estamos encontrando dificuldades com moradores que não deixam passar o veneno na parte interna da residência”. Os agentes da Saúde e Educação estão indo junto para tentar conscientizar os moradores da necessidade da pulverização. Atualmente são 70 homens trabalhando na pulverização em Três Lagoas. A pulverização regular ocorre três vezes ao ano, a cada quatro meses.
CCZ
Segundo dados da coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Geórgia Medeiros, em 2.001, logo quando surgiu a doença, foram capturados 1.052 mosquitos flebótomos, transmissor da doença; 149 cães foram sacrificados pelo CCZ e 100 sacrificados em clinicas particulares. No ano de 2.002, foram capturados 492 flebótomos e, segundo informações do CCZ 1.554 cães foram mortos, vítimas de leishmaniose.
Geórgia explicou que o grande aumento em 2.002 comparados a 2.001, se deve ao número de mosquitos encontrados em 2.001, já que a doença pode demorar até dois anos para aparecer. “Em 2.002, a prefeitura realizou um arrastão pelos bairros da Cidade, buscando a conscientizar a população”, comentou. Em 2.003 foram encontrados 761 flebótomos, e realizado a eutanásia em 617 cães. A coordenadora explicou que desde o surgimento da doença, a situação melhorou muito na Cidade.
DIFICULDADE
Segundo Geórgia, a população não esta mais apresentando resistência na hora de entregar os cães infectados para a eutanásia. Apenas duas pessoas se negaram a entregar esse ano, o que comprova que melhorou muito, já que em 2002 era necessária a presença de um Oficial de Justiça, e até mesmo a Polícia Militar para que os proprietários entregassem o cão doente. Nos quatro primeiros meses de 2004 o CCZ realizou 368 visitas domiciliares, para verificação do estado clínico do animal e 360 coletas de sangue para o exame Elisa. A partir do resultado dos exames, o CCZ sacrificou 158 cães com leishmaniose.