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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Falta de energia atingiu 650 mil moradores das cidades do entorno

01/04/2004 14h29 – Atualizado em 01/04/2004 14h29

A empresária de Valparaíso (GO), Delma Gomes Roriz, 40 anos, travava uma batalha contra o tempo. Às 13h desta quarta-feira, enchia um caminhão com quilos de carne que corriam o risco de apodrecer no açougue sem energia elétrica. ‘‘Vou levar para um frigorífico, em Anápolis. Se a carne estragar, terei um prejuízo de R$ 20 mil’’, lamentava.

Assim como a empresária, 650 mil moradores e comerciantes de Valparaíso, Novo Gama, Cidade Ocidental, Cristalina, Luziânia e Jardim Ingá tiveram problemas com a inesperada falta de luz que atingiu a região. O rompimento de um cabo da linha de transmissão Brasília Sul-Marajoara, próximo a Cristalina, levou à queda de energia.

Técnicos da Companhia Energética de Goiás (Celg) trabalham com a hipótese de que uma descarga elétrica tenha atingido a linha. Mas os motivos do incidente ainda são estudados. ‘‘Vamos recuperar a energia para depois nos preocupar com a causa do rompimento’’, resumiu o superintendente de Operações da Celg, Hugo Ribeiro. Até à 0h30 desta quinta-feira o apagão ainda não havia sido resolvido e já durava mais de 29 horas.

Além do incômodo e dos prejuízos financeiros, os moradores não puderam acompanhar a partida entre Brasil e Paraguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006. Às 21h30, técnicos da Celg implantaram, no local do rompimento do cabo de transmissão, um poste para ajudar no religamento do sistema, mas não resolveram o problema.

O rompimento do cabo provocou o desabastecimento de cinco subestações de energia elétrica na região do Entorno e imediato apagão nas seis cidades atingidas. Segundo funcionários, que preferiram não se identificar, o problema só foi percebido pela Celg cinco horas depois do ocorrido.

‘‘Trabalhamos no religamento do sistema, desde que detectamos o problema’’, afirmou Ribeiro. Uma operação complicada, uma vez que o cabo rompido está em uma torre distante do centro urbano. ‘‘A área é de difícil acesso e os equipamentos são pesados. Por isso, demora tanto.’’

A primeira tentativa de religar a luz na região fracassou. Os técnicos decidiram implantar um suporte: um poste com cerca de 20m de altura e potência de 138 mil quilovolts. ‘‘Mas o poste quebrou, às 16h, quando levantavam a estrutura’’, lamentou Ribeiro. ‘‘Tentamos uma solução alternativa, mas é possível que o abastecimento não volte ainda hoje (ontem)’’, admitiu.

Torneiras secas

Não bastasse a escuridão, os moradores sofrem também com a falta d’água nas torneiras. Sem energia elétrica para bombear a água, os reservatórios da região esvaziam gradativamente. ‘‘O acidente nos pegou de surpresa. Falta luz em todos os nossos reservatórios’’, disse o diretor de Produção da empresa de Saneamento de Goiás (Saneago), Luiz Humberto Gomes.

Ele explica que a água começou a faltar nos pontos mais altos das cidades. Depois, nos locais com grande consumo de água, como escolas e hospitais. Somente hoje a empresa calcula a área e a quantidade de pessoas atingidas. ‘‘Se a luz não voltar logo, distribuiremos água em caminhões-pipas’’, informou Gomes. ‘‘Mas acreditamos que até o meio-dia de amanhã (hoje) o serviço estará normalizado.’’

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acompanha o caso e exigiu explicações da Celg até as 15h de hoje. O órgão quer saber detalhes sobre as áreas atingidas, as causas do desligamento, além das providências e medidas preventivas adotadas para retormar o serviço e evitar novos incidentes. ‘‘Interrupções não programadas podem resultar em advertência e até multa às empresas, de acordo com a gravidade da situação’’, informou a Aneel.

Fonte:Correio Braziliense

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