21/01/2004 16h19 – Atualizado em 21/01/2004 16h19
A chegada do navio dinamarquês Jens Nu Munk ao porto de Salvador, na noite da última segunda-feira (19/01), expôs o descaso com que a INB (Indústrias Nucleares do Brasil) ainda trata a população brasileira e o meio ambiente.
Para receber uma carga adicional de cerca de 120 toneladas de “yellow cake”, material radioativo produzido a partir do urânio explorado no município baiano de Caetité, o navio infringiu a legislação brasileira ao entrar na Baía de Todos os Santos, área de proteção ambiental legalmente instituída, trazendo em seus porões aproximadamente 50 toneladas de urânio enriquecido na Holanda.
“Pegando de surpresa as autoridades ambientais baianas, a empresa operadora do porto, os trabalhadores portuários e a população em geral, e de posse de uma licença do Ibama apenas para o transporte rodoviário do “yellow cake” (de Caetité até o porto de Salvador), a INB desrespeitou a legislação ambiental em vigor e expôs a população e os portuários de Salvador a riscos desnecessários, segundo consta, document.write Chr(39)por razões econômicasdocument.write Chr(39)”, disse o coordenador do GAMBA (Grupo Ambientalista da Bahia), Renato Cunha.
“O pior de tudo é que essa gestão da INB vai repetir o mesmo espetáculo de impunidade no Rio de Janeiro (RJ), nesta quarta-feira, quando o navio deverá ingressar nas águas da Baía da Guanabara, expondo o meio ambiente e a sociedade ao risco de uma contaminação nuclear – no caso, pouco provável mas não impossível, de um acidente, o que poderia deixar a baía contaminada por mais de 25 mil anos! Mais uma vez, autoridades, portuários, moradores e turistas não foram sequer informados e estarão expostos a uma situação de risco sem que tenham direito a dar sua opinião. Por isso convocamos todos os ambientalistas, as ongs e a sociedade em geral a participarem de um ato de protesto em frente ao Porto, caso se confirme a atracação do navio”, convocou o presidente do Instituto Brasileiro de Voluntários Ambientais, Vilmar Berna.
A preocupação dos ambientalistas com o transporte de material radioativo pelas costas brasileiras já é antiga e tem se agravado com os recentes indícios da passagem pelo nosso mar territorial de lixo atômico vindo de outros países. É o caso do reator descomissionado (desativado) de San Onofre (EUA), que deverá nos próximos meses contornar toda a América do Sul a caminho de seu cemitério nuclear definitivo.
Fonte:Agora MS