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segunda-feira, 19 de maio de 2025

Sem saída, famílias recém-chegadas ao MST pedem trabalho

15/12/2003 17h12 – Atualizado em 15/12/2003 17h12

Ainda à espera dos utensílios domésticos perdidos no dia do despejo feito pela Prefeitura na área ocupada à margem do Anel Viário, na saída para Sidrolândia, em Campo Grande, o agricultor, Lorinaldo Pinheiro, de 55 anos, reclama os prejuízos materiais. Ele, assim como a maioria das 68 famílias da área urbana que se juntaram ao MST (Movimento Sem-Terra), está há apenas um mês engrossando o movimento. “Perdi colchão, butijão, cama de casal e até lampião”, disse Pinheiro. Após uma trajetória de trabalho em grandes propriedades rurais, ele agora esperar ser beneficiado pela reforma agrária.

“Trabalhei para o finado Bernardo Baís – comerciante promissor – como capataz da fazenda Novo Imbirussú, e também de outras pessoas importantes. Hoje estou no MST para conseguir ter uma terra minha”, explicou Pinheiro, sob a lona e de volta ao local onde pela primeira vez teve de enfrentar conflito agrário.

Já Edivânia Pereira da Silva, de 30 anos, não reclamou de prejuízos materiais. Com o saldo negativo da ação de despejo, a filha de dois anos, L.P.S, acabou se machucando no momento em que os barracos foram desmanchados, na semana passada. Uma madeira que sustentava a “casa” machucou as costas da menina, que, segundo a mãe, L.P.S ainda sonolenta foi levada arrastada para dentro do veículo utilizado pelo município para retirar as famílilas dali.

Hoje, com o forte calor, a menina de volta ao mesmo local com a mãe e a tia, Gina da Silva, de 38 anos, dormia dentro do barraco próxima ao cachorro vira-lata e sobre um cobertor colocado no chão de terra batido. Sem condições de higiene para crianças a mãe explica o sacrifício. “Daqui a alguns meses vamos ter nossa terra, com casa. E lá haverá escola para as crianças. Esse sacrifício é por algum tempo”, espera Edivânia. Segundo a mãe, o esposo trabalha de servente numa fábrica e à noite vai para o barraco da família. Eles moravam numa casa alugada no Jardim Presidente e como não havia perspectiva de melhoria resolveram ingressar no MST.

Com apenas arroz e feijão, as 68 famílias improvisam a alimentação no acampamento à beira do asfalto. A água, para cozinhar e tomar tereré, é de um poço encontrado a menos de 3 metros de profundidade. “Muita gente boa passa aqui e deixa roupa e comida porque sabem que aqui moram crianças também”, explicou Edivânia. Há pelo menos dez crianças no acampamento.

Fonte:Campo Grande News

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