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domingo, 20 de julho de 2025

MST ameaça retomar onda de invasões em Mato Grosso do Sul

29/10/2003 14h56 – Atualizado em 29/10/2003 14h56

A direção regional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra) em Mato Grosso do Sul ameaça retomar as invasões de terra no Estado, seguindo orientações do comando nacional, como protesto pela demora na implementação de uma política de reforma agrária por parte do governo de Luís Inácio Lula da Silva. Pelo comando nacional dos sem-terra, as ocupações estariam programadas para começar em dezembro, mês que deve ser marcado por tomadas de fazendas, sedes de instituições públicas e bancos.

“Realmente existe uma orientação nacional para que retomemos as atividades do MST, sejam com invasões, marchas ou trancamento de rodovias. Nós do Estado, como parte integrantes do movimento, vamos acatar a determinação”, explicou um dos coordenadores estaduais do MST, Márcio Bissoli, que não soube precisar quando a reorganização do movimento começaria, mas garantiu que no interior do Estado já se iniciou um trabalho de conscientização das equipes para a mobilização. “Temos dito que nossa luta é independente dos interesses do governo”, adianta.

Segundo Bissoli, a situação no campo hoje é tensa, embora apenas uma invasão, em fazenda do reverendo Moon, ainda esteja ocupada no Estado. “A situação é de falsa calmaria. Esta semana estivemos no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e não há nem um indicativo de possíveis assentamentos, ou seja, não é possível que aceitemos isso passivamente”, desabafa o líder dos sem-terra.

Hoje no Estado são 17 mil famílias acampadas nas estradas a espera da distribuição de terras, sendo que no ano passado 49 famílias foram assentadas. Este ano nem um novo registro de assentamento foi efetivado e, pelos cálculos do MST, o governo Lula assentou nos dez primeiros meses da administração petista somente três mil famílias, ou seja, 5% do que prometeu ao movimento ao longo de um ano.

De acordo Bissoli, até o momento os números do governo Lula são piores do que os da época do presidente Fernando Henrique Cardoso e até de Getúlio Vargas, que durante seu primeiro mandato iniciou uma política de colonização no País. “Antes de se eleger o Lula dizia que ia resolver o problema da Reforma Agrária com uma canetada, depois argumentou que não tinha uma política específica para o assunto. Agora já têm o projeto, já tem o governo, mas não fez nada”, compara.

De acordo com o sem-terra as invasões, embora sejam desgastantes, ajudam a resolver as questões. “Quando nós invadimos a fazenda em Rio Brilhante teve imprensa e o governo resolveu intervir, houve movimentação e as coisas começam a andar. Se ficamos parados nada acontece”, defende.

Pelo balanço do movimento, este ano em Mato Grosso do Sul foram registradas apenas quatro invasões de terras – destas, três já foram desocupadas – mas no próximo ano os números podem ser bem mais expressivos. “Ano que vem não vamos poder esperar mais a vontade do governo e não será apenas o MST que vai se levantar em protesto, mas outros movimentos e a própria sociedade”, acredita.

Ruralistas

Preocupado com a possível retomada das invasões de terras pelo MST em Mato Grosso do Sul, o presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Laucídio Coelho Neto, fez duras críticas aos líderes do movimento. De acordo com Laucídio, não apenas os acampados esperam a reforma agrária, mas também os ruralistas.

“Toda a Nação perde quando o governo tem de sustentar essas famílias que ficam nos acampamentos recebendo dinheiro e comida dos cofres públicos”, desabafa. Segundo ele, as invasões ainda são uma maneira primitiva de resolver os problemas e que a arma dos produtores continua sendo a Lei. “Em pleno Século 21 algumas pessoas ainda querem resolver as coisas à base da lei do mais forte. Isso é um absurdo”, finaliza.

Já o presidente o MNP (Movimento Nacional de Produtores), João Bosco Leal, diz que as invasões são reflexos das “mentiras do atual governo federal”. “Eu acredito que essas pessoas foram enganadas porque a reforma agrária não aconteceu como foi prometida e não vai acontecer porque não tem dinheiro. Enfim, esse caos é inevitável”, destaca.

Fonte:Midiamax News

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