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sábado, 12 de julho de 2025

Tarifa cara afasta usuários dos microônibus em Campo Grande

23/10/2003 17h19 – Atualizado em 23/10/2003 17h19

Com poltronas estofadas, ar condicionado, televisão e som ambiente, o microônibus executivo é uma exclusividade de poucos. Menos de 1% dos usuários do transporte coletivo urbano na Capital usa os “fresquinhos”. Por mês, de acordo com dados divulgados no site da Prefeitura, são 57 mil passageiros, contra 210 mil pessoas que trafegam ao dia nos articulados e outros carros da linha tradicional de acordo com balanço do Fórum dos Usuários do Transporte Coletivo Urbano da Capital.

A pouca procura, na verdade, é resultado da exclusão que a alta tarifa impõe ao campo-grandense. Com uma passagem ao preço de R$ 2,20 o usuário comum, que já sofre por arcar com o preço de R$ 1,70 – a terceira tarifa mais cara do País, igual, inclusive, a de São Paulo – não pode desfrutar do benefício. E se andar de ônibus já está se tornando um luxo para a classe menos favorecida, pegar um “fresquinho” é utopia.

“Para uma pessoa solteira andar de fresquinho só se tiver um salário superior a R$ 800,00”, diz o cozinheiro James Lourenço. E não precisa muita pesquisa para o trabalhador confirmar sua afirmação. A conta, como diz, é simples. “Se com a tarifa a R$ 1,70 já vai uma boa parte do meu salário, imagina de tiver de arcar com R$ 0,50 a mais no orçamento diário”, compara o cozinheiro, que recebe R$ 600,00 por mês.

Lourenço não sabe, mas se resolvesse pôr a mão no bolso e usufruir de condições adequadas para chegar ao trabalho e não ficar mais se amontoando, em pé, nos veículos das linhas tradicionais, ele teria um acréscimo de 23% no seu orçamento do fim do mês. Se usasse dois vales-transporte por dia, durante um mês, os R$ 68,00 que já pesam na hora de fazer o transporte caber no orçamento doméstico, passariam a R$ 83,00, R$ 15,00 a mais, dinheiro que garante, pelo menos, 15 litros de leite por mês para alimentar as crianças.

Mas o cozinheiro não é o único na fila dos que nunca experimentaram uma viagem nos “fresquinhos”. A doméstica Luzia dos Santos diz que tem curiosidade, mas não arrisca empregar R$ 2,20 para custear a passagem. “Quem não gostaria de andar nesses carros com ar condicionado e que são mais rápidos? Mas isso é coisa para gente que ganha bem”, assegura.

Um luxo que a auxiliar de enfermagem Rosemeire Pereira só usa quando vai ao médico. “Só ando em ocasiões especiais. Não dá para ir ao médico toda suada. Se a passagem fosse mais acessível nunca mais que eu ia andar de ‘vermelhão’”, explica.

Luxo para poucos

Em Campo Grande o micro tipo executivo soma 19 veículos distribuídos em dez linhas que abrangem, desde a Moreninha, Mata do Jacinto, Parque dos Poderes até Maria Aparecida Pedrossian, Coophavilla, José Abrão e Nova Campo Grande. Mas apesar de cobrirem boa parte da cidade e serem apontados como uma opção de transporte alternativo, os carros andam praticamente vazios.

Esta tarde a equipe do jornal MidiamaxNews acompanhou o embarque e desembarque nos “fresquinhos” da Praça Ari Coelho. Dos cinco carros que pararam ali, apenas de um desembarcaram três passageiros. Quanto ao embarque, os cinco veículos seguiram vazios.

Mas se é apenas o preço da tarifa que afasta o usuário de desfrutar de mais conforto nas viagens por Campo Grande, um projeto pode solucionar o problema. É que o vereador Alex do PT defende na Câmara uma proposta que prevê a regulamentação das vans na Capital.

O Sintrapte/MS (Sindicato dos proprietários do Transporte alternativo de passageiros de Mato Grosso do Sul) garante que pode oferecer um serviço com a mesma qualidade dos “fresquinhos”, mas com uma tarifa mais barata, inclusive, que o transporte tradicional. O custo da tarifa, segundo o sindicato, ficaria em torno de R$ 1,20.

Fonte:Midiamax News

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