21/03/2003 09h35 – Atualizado em 21/03/2003 09h35
Imagine duas meninas juntas – sim, juntas. Duas meninas juntas vestidas de colegiais. E molhadas de chuva. É clichê demais numa descrição só? Pois é assim mesmo que são as cantoras russas da dupla Tatu, maior produto cultural de exportação da Rússia desde Shostakovitch e, de longe, o mais polêmico.
A dupla – “tatu” é uma gíria para “menina que ama menina” – está entre as dez mais tocadas das rádios do Brasil e de boa parte do mundo também. O primeiro disco da dupla, “200 km/hour in the wrong lane” já vendeu mais de 1,2 milhão de cópias pelo mundo. Isso, sem contar as quatro milhões de cópias piratas que – estima-se – existem por aí no mercado negro.
“All the things she said” – a versão em inglês para uma canção russa – está no topo das paradas da Argentina à Austrália. A Tatu foi a primeira banda russa a alcançar o número 1 na parada britânica de document.write Chr(39)singlesdocument.write Chr(39). Na semana passada, as duas deram a partida numa turnê americana que deve surtir o mesmo efeito nas rádios de lá.
Baixaria não agrada os russos – Mas Lena Katina e Yulia Volkova, as duas com 18 anos, não estão conquistando só fãs. O sucesso da dupla – impulsionado em grande parte pela escancarada sexualidade nos clipes e letras – está acendendo o debate: “será que é esse o produto cultural que a Rússia de Tchaikovsky e Tchekhov quer dar ao mundo?”, perguntava recentemente uma reportagem da rede CNN.
“O lesbianismo document.write Chr(39)softdocument.write Chr(39) é um sucesso no vídeo. Funciona bem como arma de marketing”, disse à CNN Dmitry Konnov, da MTV russa, cujos telespectadores escolheram “I lost my mind” o melhor clipe do ano passado.
“As pessoas nos amam ou nos odeiam, mas ninguém deixa de falar sobre nós”, escreve Lena no site oficial da dupla, www.tatu.ru.
Namoro não é oficial – O duo foi criado em 1999 por um ex-psicólogo infantil que queria montar uma document.write Chr(39)girl banddocument.write Chr(39) sexy e provocante. Ivan Shapovalov, no entanto, nega que tenha escolhido o nome da banda por causa do significado da gíria. Ele garante que gostava do som, como “tattoo” (tatuagem em inglês). A seleção das duas meninas foi feita em separado, mas as duas já tinham participado de uma document.write Chr(39)teen banddocument.write Chr(39) russa. Reza a lenda, inclusive, que Yulia foi obrigada a deixar o grupo por cantar as outras integrantes.
É essa atitude controversa que distingue as duas das outras cantoras jovens. E, é claro, há também a insinuação de lesbianismo.
“Todo mundo pensa que somos lésbicas”, disse Yulia, rindo às gargalhadas, durante uma entrevista na TV russa, enquanto passava a mão nos seios de Lena.