29/01/2003 14h55 – Atualizado em 29/01/2003 14h55
O diagnóstico precoce e correto pode ser a diferença entre a vida ou a morte. O alerta é da médica Izilda Cardinalli, chefe do Laboratório de Anatomia Patológica do Centro Infantil Boldrini. Ela citou o exemplo de um tumor raro, chamado Neuroectodérmico Melanótico da Infância. O tumor, de comportamento benigno, pode surgir após o nascimento ou durante o primeiro ano de vida da criança, e sua evolução para cura ou para óbito depende do diagnóstico precoce e correto. Izilda explica que o tumor Neuroectodérmico Melanótico é raríssimo, com apenas 200 casos registrados na literatura mundial.
Há pouco mais de um ano, dois casos do tumor foram atendidos no Centro Boldrini, com resultados diferentes devido aos tempos distintos para o diagnóstico. O primeiro caso teve o diagnóstico precoce e evoluiu para cura. Já o outro demorou 19 meses para ser encaminhado ao Boldrini e, apesar do tratamento, que incluiu cirurgia e quimioterapia, a criança morreu devido à progressão da doença.
Sílvia Brandalise, presidente do Boldrini, informa que o primeiro caso foi diagnosticado numa criança de cinco meses, após três meses de crescimento do tumor, que na ocasião estava com 7,5 centímetros de diâmetro, no lado esquerdo da cabeça. O tumor foi removido por cirurgia e não voltou a aparecer. Hoje a criança está com um ano e meio e passando bem. Já no segundo caso, a criança chegou ao Boldrini com 19 meses e apresentava crescimento do tumor desde 15 dias de vida. Ao ser encaminhada para tratamento, apresentava um tumor frontal com 11 centímetros de diâmetro, e que já havia invadido a meninge. O tumor foi retirado, a criança passou por quimioterapia, mas a doença voltou num gânglio do pescoço nove meses depois evoluindo para óbito.
A médica afirma que, ao se constatar um tumor palpável na criança, os parentes devem procurar ajuda médica e pedir encaminhamento para um centro de referência no tratamento do câncer infantil.
Izilda cita que o diagnóstico depende de dois pontos básicos: da família e da avaliação por uma equipe de profissionais especializados. Ela explica que é difícil para os pediatras diagnosticarem o tumor Neuroectodérmico devido à própria raridade da doença, mas orientou que, se os familiares perceberem algum caroço, mesmo pequeno na cabeça da criança, indolor e crescimento lento mas contínuo, deve procurar ajuda médica e solicitar o encaminhamento a um centro especializado.
A médica destaca que o Boldrini, referência no tratamento de câncer infantil, dispõe de equipe e aparelhagem adequada e preparada para diagnosticar a doença. O diagnóstico preciso é obtido pela combinação de anatomia patológica (que utiliza métodos de imunoistoquímica, biologia molecular e citogenética) e métodos de diagnóstico por imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética). “Quanto mais tempo se perde para iniciar o tratamento, mais difícil é controlar a doença”, completa Izilda.
O relato dos dois casos diagnosticados e tratados pelo Boldrini foi apresentado pela coordenadora do Departamento de Oncologia Pediátrica do Boldrini, Simone Aguiar, durante o 34º Congresso da Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP), realizado em setembro na cidade do Porto, em Portugal.
Fonte: Correio Popular





